Coluna semanal do presidente Lula
Fonte: http://www.imprensa.planalto.gov.br/
Edmilson Manzini, 42 anos, auxiliar administrativo de Carapicuíba (SP) - A única coisa que, a meu ver, no seu mandato não foi realizado foi conter as taxas de juros vorazes das instituições financeiras. Acho que isso deixa de alavancar a vida das pessoas. O tema será analisado e talvez coibido?
Presidente Lula - Edmilson, nós estamos justamente comemorando o fato de a taxa média de juros para os consumidores ter caído em setembro para 39,4%, o menor nível da série iniciada em 1994. Veja que em dezembro de 2002, essa taxa era de 83,5%. Chegamos ao nível ideal? Concordo que ainda não, mas as taxas vêm seguindo uma trajetória de queda ao longo dos anos. Um dos componentes das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras é a taxa Selic, que era de mais de 20% no começo de 2003 e hoje está em 10,75% ao ano. Se ainda é elevada em comparação com as praticadas em outras economias, esse instrumento tem sido fundamental para manter a inflação sob controle e permitir o sucesso nas demais áreas, como você mesmo reconhece. Mas você tem toda razão. Os juros precisam cair ainda mais para que se aproximem dos padrões adotados nas grandes economias. Nós já conseguimos mudar as taxas de patamar, cabe ao próximo governo continuar este trabalho sem perder de vista, claro, a batalha contra a inflação.
Fabiano Silva, 24, pedreiro de Cuiabá - Qual projeto concreto que o senhor possui para combater a corrupção nos diversos setores do Poder Executivo?
Presidente Lula - Nós temos mais que projeto, Fabiano, nós temos ações concretas que vimos implementando desde o início, como o fortalecimento das instituições de defesa do Estado. É o caso da Controladoria-Geral da União, que praticamente não existia antes de 2003. As operações conjuntas, ou em separado, da CGU e da Polícia Federal, já resultaram em milhares de prisões em todo o país. De janeiro de 2003 a setembro deste ano, foram excluídos 2.752 agentes públicos, 60% por envolvimento em casos de corrupção. A corrupção não está aumentando. Pelo contrário, como está sendo atacada, o que era subterrêneo e parecia não existir, está vindo à tona. O Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) são hoje instituições independentes. Antes, o presidente escolhia o Procurador-Geral sem levar em conta a opinião do Ministério Público. Ou seja, na prática, escolhia para o cargo alguém ligado a ele e o resultado era que quase nada se investigava contra o governo. Desde que assumi, eu sempre indico para chefiar o MPF o procurador eleito pelos seus colegas e fica assim assegurada a independência da instituição. Entre os projetos de lei que enviamos ao Congresso, cito o que torna crime o enriquecimento ilícito de agentes públicos e o que torna mais rigorosas as punições por crimes de corrupção de autoridades dos três poderes da República, nos níveis federal, estaduais e municipais. É importante que a população pressione pela aprovação. Veja o que aconteceu com a Lei da Ficha Limpa: a sociedade pressionou, o Congresso aprovou e eu sancionei em junho essa lei que representa um enorme avanço para a democracia.
Raildo Bispo da Silva, 48 anos, securitário de São Paulo – O senhor está a par do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS)?
Presidente Lula – Sim, Raildo, estou a par e acompanho de perto o atendimento de saúde no Brasil. Cerca de 160 milhões de pessoas dependem exclusivamente do SUS para ter acesso a serviços de saúde, um setor que estava abandonado fazia muito tempo. Ainda há muita coisa para fazer, mas o SUS é uma referência no mundo em termos de atendimento para todos. Os Estados Unidos também estão tentando implantar um sistema universal de atendimento. O SUS foi uma grande conquista da população brasileira e dos profissionais de saúde e vem sendo aprimorado com o tempo. Um exemplo é o fortalecimento do programa Saúde da Família, que tem hoje 30 mil equipes que vão às casas das pessoas e promovem a cura e a prevenção de doenças. Outro avanço do SUS é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), criado em 2003, que permite um atendimento mais rápido e eficiente. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) contribuem para a redução das filas nos hospitais. Essas são algumas das nossas iniciativas com o objetivo de melhorar o atendimento. E nós teríamos feito muito mais, caso a oposição no Senado não tivesse eliminado a CPMF e com isso retirado da Saúde R$ 24 bilhões anuais. O objetivo era atingir o governo, mas quem saiu prejudicado de fato foi a população, sobretudo a parcela que mais depende dos serviços públicos.
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