quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Governo Lança Projeto de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra.

O governo federal lança amanhã (27), em Maceió (AL), a primeira etapa de um programa piloto que visa enfrentar o crescente número de homicídios entre jovens negros de todo o país. Intitulado Juventude Viva, a iniciativa é a primeira etapa de uma ação mais ampla, o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, 53% dos homicídios registrados no país vitimam pessoas jovens. Destas, mais de 75% são negras. Além disso, enquanto as mortes de jovens brancos caíram de 9.248, em 2000, para 7.065, em 2010, a morte de jovens negros cresceu de 14.055 para 19.255 no mesmo período. 

Em Alagoas, o programa irá complementar iniciativas que já estão em curso, como o Programa Brasil Mais Seguro, do Ministério da Justiça. A escolha do estado também se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no país. Nesta primeira etapa, além de Maceió, o Juventudo Viva também será testado em outras três cidades alagoanas: Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares. A meta do governo federal é, a partir da experiência inicial, estender a iniciativa para os 132 municípios mais violentos do país.

"O Juventude Viva representa um plano de enfrentamento à mortalidade da juventude negra. Vai começar como uma experiência em Alagoas, com os vários ministérios envolvidos desenvolvendo um conjunto de ações de inclusão e contra a cultura de violência", explicou a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, logo após participar, esta manhã, do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços. Também participou do programa o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República. 

Entre as iniciativas a serem desenvolvidas, a ministra mencionou a adoção, pelas escolas estaduais, de aulas em período integral; a criação de espaços culturais em territórios violentos e o estímulo ao empreendedorismo juvenil, principalmente quando associado à chamada economia solidária. Além disso, segundo a ministra, o programa também prevê ações de capacitação dos profissionais que atuam com os jovens, especialmente dos policiais. 

"Será extremamente importante o trabalho que faremos com as forças policiais para que possamos ter um comportamento diferenciado dos policiais em relação aos jovens, especialmente em relação ao jovem negro que, por conta da discriminação racial, acaba sendo mais atingido por essa violência", explicou a ministra. 

O Juventude Viva, segundo a ministra, irá beneficiar não apenas jovens negros entre 15 e 29 anos, mas toda a população das regiões contempladas com iniciativas como a construção de espaços culturais.

"Pretendemos atingir os jovens negros, que, nos últimos anos, são os que mais têm sofrido com esses altos índices de homicídios, mas, embora o diagnóstico que conduza o programa leve em conta a população negra, seu caráter é amplo. A instalação de uma praça de cultura em um bairro de maioria negra faz toda a diferença para toda a população", acrescentou a ministra. 

"Embora tenhamos experimentado, nos últimos anos, uma melhoria dos indicadores sociais da população negra, temos ainda milhões de jovens negros que estão fora da escola e do mercado de trabalho, sendo uma população vulnerável às possibilidades de se envolver em situações violentas e que tem a vida pouco valorizada, já que não está inserida em nenhum tipo de rede social mais forte." 

Coordenado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, o programa contará com a colaboração dos ministérios da Cultura, Educação, Saúde, Trabalho e Esportes. 

Fonte: Agência Brasil.
Por Alex Rodrigues.
Edição: Lílian Beraldo.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

‘O Estatuto da Juventude na Ordem do Dia’.

O Estatuto da Juventude, em discussão na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, reúne na mesma lei uma inédita declaração de direitos da juventude brasileira e o marco de criação de um sistema nacional de políticas públicas para os jovens. O projeto de lei do Estatuto reforça, com a Emenda Constitucional nº 65, que incluiu a juventude na Constituição, e o Plano Nacional de Juventude, o marco legal da política pública de juventude no país e o tema como política de Estado. 

Como contribuição ao debate sobre o projeto de lei do Estatuto da Juventude, a Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria- Geral da Presidência da República, formulou e reuniu um conjunto de sugestões ao texto do projeto, aproximando seu conteúdo das diretrizes da Política Nacional de Juventude e das resoluções das duas Conferências Nacionais de Juventude, realizadas em 2008 e 2011. 

Estas sugestões, que também foram resultado de diversas reuniões e consultas às contribuições formuladas pelo Conselho Nacional de Juventude, por organizações e movimentos juvenis, juventudes partidárias e entidades do movimento estudantil, serão apresentadas em diálogo com as áreas de governo e os relatores do projeto nas Comissões do Senado. 

Autonomia e Emancipação da Juventude:

De acordo com a proposta, o Estatuto apontaria desde os seus primeiros artigos a "autonomia e emancipação dos jovens” como princípio orientador da lei. Ao considerar jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos, o projeto reforça em relação aos jovens adolescentes a compreensão de que os direitos garantidos pelo Estatuto da Juventude devem ser interpretados de maneira extensiva e nunca em prejuízo ao previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Ou seja, reafirma a lei que garante a proteção integral da criança e do adolescente, mas contempla outro campo de direitos e políticas públicas, voltadas para a autonomia, participação e emancipação do jovem. 

Nesse sentido, ao tratar dos princípios e diretrizes da política de juventude, a proposta incorpora questões importantes como a participação e criatividade do jovem no desenvolvimento do país; a promoção da intersetorialidade e do território como espaço de integração da política pública de juventude; a adoção de mecanismos que ampliem a gestão de informação e produção de conhecimento sobre juventude; a integração entre os jovens da América Latina e a cooperação internacional, entre outros.  

Direitos da juventude e Sistema Nacional:

A Constituição Federal, ao incluir a juventude no seu texto, definiu que a lei criaria um estatuto de direitos dos jovens. Na proposta em discussão pela Secretaria Nacional de Juventude, o Estatuto contemplaria os seguintes direitos universais e singulares da juventude: a) Direito à participação; b) Direito à educação; c) Direito à profissionalização, ao trabalho e à renda; d) Direito à diversidade e à igualdade; e) Direito à saúde; f) Direito à cultura, à comunicação e à liberdade de expressão; g) Direito ao desporto e ao lazer; h) Direito à sustentabilidade e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; i) Direito ao território e à mobilidade; j) Direito à segurança pública e ao acesso à justiça. 

A participação social e política dos jovens fortalece a democracia brasileira e abre espaços para que a participação também seja reconhecida como um método de governo. No projeto de lei do Estatuto, o direito à participação é reconhecido como um direito fundamental do jovem, tanto na vida em sociedade quanto na promoção das políticas públicas, dos conselhos e dos órgãos governamentais de juventude. 

A escola e a universidade, por sua vez, devem se aproximar da realidade do jovem. Tão importantes quanto o acesso à educação, a permanência, a gestão democrática e a qualidade do ensino são grandes desafios da juventude brasileira. No tema do direito à educação, a Secretaria Nacional de Juventude reuniu sugestões que caminham no sentido de promover o direito do jovem à educação em todas as suas modalidades e o reconhecimento da diversidade da juventude nas políticas de acesso, assistência estudantil e participação democrática nas instâncias educacionais. 

Mesmo com dificuldade, os jovens tentam conciliar seus estudos com uma inserção de qualidade no mundo do trabalho. No direito à profissionalização, ao trabalho e à renda, as sugestões da Secretaria ao Estatuto reforçam a importância do trabalho decente para a juventude, exercido em condições e com remuneração e proteção social adequados, e de ações de geração de emprego e renda, economia solidária, cooperativismo e desenvolvimento rural sustentável. 

As múltiplas trajetórias dos jovens brasileiros demandam um olhar prioritário sobre a valorização da diversidade e o enfrentamento às desigualdades vivenciadas pela juventude. Ao reconhecer o direito à diversidade e à igualdade, o projeto de lei do Estatuto fortalece as políticas de defesa e promoção de direitos humanos e as políticas afirmativas. 

A qualidade de vida do jovem também é vista como prioridade pelo Estatuto da Juventude. No direito à saúde, propõe-se que as especificidades da condição juvenil sejam consideradas no acesso ao Sistema Único de Saúde e que as políticas públicas devem integrar a prevenção, a promoção, a proteção e a recuperação da saúde dos jovens, com especial atenção às questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva e ao abuso de álcool, tabaco e outras drogas. 

Outro direito reconhecido pelo projeto de lei, o direito à cultura, à comunicação e à liberdade de expressão, reconhece o potencial criativo dos jovens na produção, reelaboração e fruição dos bens culturais e regulamenta o benefício da meia-entrada, assegurando acesso aos espaços e eventos culturais, esportivos, de lazer e entretenimento mediante pagamento da metade do preço do ingresso cobrado. 

Nesta proposta, a meia-entrada contemplaria, além de estudantes, os jovens com renda familiar per capita igual ou inferior a 1 (um) salário mínimo. Alcançando a juventude em situação de pobreza e vulnerabilidade, esta sugestão parte de uma mediação entre as propostas de universalização da meia-entrada para toda a juventude e a restrição do benefício apenas para a juventude que está na escola ou universidade. 

A atual geração de jovens brasileiros vive em um país que se prepara para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A preparação do país para os jogos e o legado social desses grandes eventos esportivos devem mobilizar os jovens nos próximos anos em temas que o Estatuto também aborda no direito ao desporto e ao lazer, como as políticas públicas de incentivo à prática esportiva, a valorização do desporto educacional e de participação, e a garantia de equipamentos públicos e comunitários voltados à prática do esporte. 

Atuando em redes e movimentos cada vez mais plurais, a participação da juventude é essencial na disputa de valores e do modelo de desenvolvimento. Ao dispor sobre o direito à sustentabilidade e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o projeto de lei do Estatuto trata do direito e do dever dos jovens com a sustentabilidade ambiental, assim como o estímulo à participação e conscientização da juventude com a preservação do meio ambiente. 

Em seguida, a proposta inclui o direito ao território e à mobilidade, compreendendo políticas de habitação, circulação e equipamentos públicos voltados para a vivência dos jovens no campo e na cidade. A atual versão do projeto de Lei no Senado estabelece ainda a reserva de duas vagas gratuitas e duas passagens com desconto de 50% na rede de transporte interestadual aos jovens com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimos. 

No território, a concentração da violência e dos homicídios sobre a população jovem, negra e com baixa escolaridade exige uma grande mobilização do governo e da sociedade para garantir o direito do jovem a viver. Nesse sentido, a proposta também sugere ao projeto de lei do Estatuto da Juventude a inclusão do direito à segurança pública e ao acesso à justiça, integrando iniciativas e políticas públicas que combinem a prevenção e o enfrentamento à violência cometida contra os jovens. 

Finalmente, o projeto de Lei do Estatuto cria o Sistema Nacional de Juventude, prevendo as competências e a cooperação entre União, Estados e Municípios nas políticas públicas de juventude, bem como a participação dos jovens e dos conselhos de juventude na sua formulação e acompanhamento. A regulamentação do Sistema, no entanto, será definida posteriormente com a participação dos jovens, dos gestores de juventude e dos movimentos e organizações juvenis. 

Por reconhecer direitos e políticas públicas importantes para a inclusão e emancipação dos jovens, a aprovação do Estatuto da Juventude deve ser encarada como uma grande oportunidade para ampliar os direitos e a participação da juventude no desenvolvimento do país. O debate sobre o seu conteúdo e aprovação vai além da maior geração de jovens do Brasil. É um assunto de interesse de toda a sociedade.

Autores:
Bruno Elias - Secretário-Executivo do Conselho Nacional de Juventude.
Severine Macedo -  Secretária Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Fonte: Secretaria Nacional de Juventude/Adital.

Iniciativas Destacam Participação de Jovens nas Eleições Municipais.

Os/as jovens entre 16 e 24 anos de idade ainda não são maioria entre os/as eleitores/as, mas já representam 17,67% do eleitorado. O maior número de eleitores/as no Brasil encontra-se na faixa dos 25 aos 34 anos (23,68%), seguido dos/as eleitores/as entre 45 e 59 anos (23,03%). 

Destaque para as/os que ainda nem são obrigadas/os a votar mas que já querem exercer seu direito de cidadã/o. Dos 140.646.446 eleitores/as no Brasil, 2.913.627 são jovens de 16 e 17 anos, sendo 1.157.551 de 16 anos e 1.756.076 de 17 anos de idade. O número, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revela um aumento de jovens menores de idade aptos/as a votar se comparado ao da eleição presidencial passada, em 2010, quando o total de eleitores/as de 16 a 17 anos de idade não alcançou os 2,4 milhões. 

Em nota, o TSE destacou o interesse dos/as jovens em participar do processo eleitoral deste ano. "Os números refletem o aumento do interesse e da participação dos eleitores mais jovens no processo eleitoral, ainda mais quando seu foco tem caráter municipal”, afirmou, lembrando que nas últimas eleições municipais, realizadas em 2008, a quantidade de jovens entre 16 e 17 anos de idade atingiu a cifra de 2.923.485 eleitores/as. 

Algumas campanhas também motivaram os/as jovens a tirar o título de eleitor. Uma delas foi a Se liga 16 – construindo uma cidade com a nossa cara, promovida pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). A iniciativa convocou jovens entre 16 e 18 anos a adquirirem o título de eleitor/a até o dia 9 de maio (prazo máximo para se alistar nas eleições deste ano) e discutiu com eles/as a importância da participação nas eleições, do voto consciente, entre outros pontos. 

O TSE e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) também atuaram no incentivo da participação juvenil. Através do Programa Jovem Eleitor, os órgãos promoveram campanhas e ações em escolas de várias partes do país, além de peças publicitárias, com o intuito de chamar a atenção dos/as jovens para a importância do voto. 

 Sou jovem e tenho direitos:

Outras iniciativas aproveitam a reta final das eleições para mostrar à juventude que ela pode fazer a diferença. É o caso da campanha Sou jovem e tenho direitos, promovida pelo Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro. Desde a semana passada, o coletivo posta imagens no Facebook destacando algumas demandas das juventudes. 

De acordo com Felipe Lins, cientista social integrante do Fórum, a Campanha tem a intenção de trabalhar com o/a jovem que não é militante e mostrar que ele/a também faz parte do processo político. Lins explica que a iniciativa busca também fazer com que os/as jovens procurem se informar sobre as pautas dos/as candidatos/as para a juventude. "Muitos [candidatos], quando têm propostas para a juventude, falam mais de educação e lazer. A juventude precisa de educação e lazer, mas também de saúde, acessibilidade, participação social, direitos humanos”, enumera. 

A primeira fase da Campanha, segundo ele, é composta por 12 imagens. Após a divulgação de todas nas redes sociais, o grupo vai se reunir para fazer uma avaliação e pensar em outras mensagens e estratégias. 

Apesar de muitos/as jovens utilizarem a internet, Felipe Lins lembra que ainda há não têm acesso à ferramenta e que, por conta disso, a Campanha está buscando outras formas de divulgação. Também integrante do Fórum, Nabi Oliveira tem 16 anos e vai votar pela primeira vez no próximo dia 7 de outubro. O jovem diz que participa desde cedo de movimento social e acredita que é importante a população "correr atrás” de seus direitos. "O voto é o único meio que a população tem para participar, é a nossa voz”, diz. 

Apesar da importância do voto e da participação da juventude no processo político, Nabi acredita que muitos/as ainda "não se importam” com a política. "A juventude ainda não pensa muito no coletivo”, comenta, considerando que os/as jovens que fazem questão de votar – e analisar as propostas dos/as candidatos – ainda são minoria. 

Jovens candidatos/as:
Os/as jovens não integram apenas o eleitorado. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 450.626 candidatos/as aptos/as para estas eleições, 16.955 jovens entre 18 e 24 anos de idade são candidatos/as a algum cargo eletivo neste pleito. 

A maioria dos/as candidatos/as ainda está concentrada na faixa etária dos 45 aos 59 anos de idade (39,79% do total), mas os/as jovens também já se mostram interessados/as em exercer um cargo público, seja no executivo ou no legislativo municipal. Do total de candidatos/as entre 18 e 24 anos, 97 são candidatos/as a prefeito/a, 223 a vice-prefeito/a, e 16.635 são candidatos/as a vereador/a.  

As eleições municipais deste ano ocorrerão no próximo dia 7 de outubro. Neste dia, brasileiros e brasileiras irão às urnas para eleger prefeitos/as (e respectivos/as vice-prefeitos/as) e vereadores/as. Nos municípios em que os/as representantes não forem eleitos/as, a decisão será levada para o segundo turno, marcado para o dia 28 do mesmo mês.

Por Karol Assunção.
Fonte: Adital.

Juventude Luta Por Voz e Direitos nas Eleições.

As eleições municipais estão próximas. Com elas, crescem aqueles(as) que prometem mudanças significativas em troca do voto de cidadãos e cidadãs. Para muitas pessoas, o período eleitoral se tornou menos um importante exercício da vida democrática e mais uma escolha compulsória entre o ruim e o menos pior. Entre os(as) jovens brasileiros(as) esta realidade não é muito distinta. Está cada vez mais difícil resgatar a fé na possibilidade de transformação social e no compromisso daquelas e daqueles que nos representam seja no executivo, seja no legislativo. Para continuar falando de jovens, é bem impressionante que, a despeito de todos os importantes avanços no que se refere ao debate de políticas e direitos de juventude, ainda se pense que apenas alguns assuntos (e políticas) digam respeito a eles e a elas. 

Desde pelo menos o final da década de 1990, e especialmente a partir de 2005, quando foi criado em nível federal a Secretaria Nacional de Juventude, o Conselho Nacional de Juventude e o Projovem, foram criadas dezenas de estruturas semelhantes nos executivos locais e estaduais. Muitos debates, seminários, campanhas pautaram a juventude seja pelo governo, seja por universidades, ONGs e movimentos sociais. Sem contar nas muitas comissões de juventude ou de políticas de juventude no âmbito da Câmara municipal ou dos legislativos estaduais. No entanto, para muitas pessoas, este foi mais um motivo para "deixar os(as) jovens” no seu devido lugar, como se apenas alguns assuntos (como cultura e esporte, por exemplo) fossem de juventude. Ainda que em outros locais os avanços sejam inegáveis, falta muito para criarmos uma cultura de direitos em nossa sociedade, mais ainda quando os "sujeitos de direitos” em questão são os(as) jovens. O(A) jovem e a ideia de juventude continuam sendo objeto de disputa e em períodos como este as representações a eles associadas e tais disputas tornam-se ainda mais visíveis. 

Nessas eleições faz-se, portanto, necessário lembrar mais uma vez que este(a) jovem eleitor(a) – que não é apenas aquele com menos de 18 anos e que pode escolher tirar ou não seu título, mas milhares e milhares de pessoas com até 29 anos pelo Brasil afora – não é um consumidor de cultura (muitas vezes produz cultura também) ou de esporte ou estudante ou trabalhador(a) ou potencial consumidor de drogas ilícitas. O(A) jovem é muitas coisas e, por essa razão, alguns – e eu me coloco entre essas pessoas – pensam o(a) jovem em sua integralidade. Contudo, ao pensar o(a) jovem integralmente a partir da perspectiva dos direitos e considerando diversidades e desigualdades tudo fica mais complexo. E, portanto, mais difícil de realizar. Mas nem sempre simplificar é a solução. Colocar o(a) jovem em uma caixinha só – seja de cultura, seja de educação ou outra qualquer – não fará desse(a) jovem capaz de viver plenamente sua juventude (seja lá como a queira viver porque ser jovem também deveria ser uma questão de oportunidade e escolha). 

Pensando em termos de garantia integral de direitos para um sujeito que é complexo, podemos passar a pensar na secretaria, coordenadoria (ou que nome se queira dar) de juventude não apenas como executor de uma política específica para a juventude, ainda que possam ser importantes em algumas tantas realidades, mas com a importante missão estratégica de costurar por dentro do executivo uma ampla articulação entre secretarias que seja capaz de pensar este jovem de forma integral. Esta missão não é nada fácil e exige orçamento, prestígio e pessoas comprometidas (inclusive prefeito(a) e vereadores(as)). 

Do lado da sociedade civil, a tarefa não é menos árdua. Cobrar direitos e monitorar políticas de juventude também não se reduz a acompanhar uma pasta, ministério ou secretaria (menos ainda um programa ou ação), mas construir indicadores e olhá-los buscando ver as fragilidades e potencialidades das políticas, ações e programas que deveriam estar pensando o(a) jovem do ponto de vista descrito anteriormente: na sua integralidade e como sujeito de direitos, sem deixar de fora toda a diversidade presente na realidade dos(as) jovens brasileiros. 

 Nas pesquisas realizadas pelo Ibase e Pólis (em articulação com diversas instituições dentro e fora do Brasil) nos últimos anos sobre juventude, participação e democracia já se apontava um horizonte amplo e complexo no que diz respeito a demandas juvenis. O "Livro das Juventudes Sul-americanas” (2010), por exemplo, enumera nove demandas que perpassaram grupos e sujeitos ouvidos ao longo da investigação. Tais demandas iam das clássicas educação, trabalho e cultura até meio ambiente, segurança, transporte, saúde, moradia e participação. Entre os desafios surgidos a partir de diálogo regional realizado como parte da pesquisa, chamava-se a atenção para o fato das demandas juvenis não poderem estar desconectadas de outros setores da sociedade e dos movimentos sociais. Ou seja, os(as) jovens organizados(as) ali ouvidos queriam mudanças estruturais e lutavam de diferentes maneiras pelo reconhecimento do que seria específico desta geração, pressupondo sua participação nesses processos. 

O assunto é longo, mas aqui, e voltando a falar de eleições, é preciso pontuar a ainda necessidade de transformar a visão de candidatos e eleitores(as) sobre os(as) jovens. Continua-se a luta para desconstruir estereótipos que, ainda, associam a juventude (sobretudo negra e pobre) à criminalidade e às drogas ilícitas, por exemplo, mas também construir novas formas de pensar esses(as) jovens. Jovens com diferentes vozes que demandam direitos a partir de realidades distintas, muitas delas marcadas por precariedades e violações cotidianas de direitos. Mas que também inventam diariamente formas criativas de lidar com as adversidades, conectando anseios que perpassam a sociedade a modos atuais, fruto de experiência geracional única, de fazer política, cultura, comunicação, de pensar seu bairro, sua comunidade e o mundo.

Pensando no assunto, o Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, articulação de organizações que trabalham com juventude no estado e da qual o Ibase faz parte, lançou no último dia 7 de setembro a campanha "Sou jovem e tenho direitos”. A campanha foi inspirada na campanha da Marcha das Vadias do Distrito Federal e traz jovens moradores(as) de diferentes bairros e favelas da cidade levantando cartazes que trazem diferentes demandas da juventude do Rio de Janeiro, lembrando que os(as) jovens representam parte significativa do eleitorado. 

A ideia é lembrar jovens eleitores(as) e candidatos(as) (jovens ou não) que as pautas das juventudes são mais amplas e diversificadas e que, para conquistar o voto dos(as) jovens nestas eleições será preciso mais do que promessas, será preciso compromisso com uma transformação social capaz de garantir seus direitos integralmente. Além das fotos que já começaram a circular no Facebook, as organizações que participam do Fórum estão organizando uma série de debates com jovens a partir de seus trabalhos. O Ibase realizará dois deles, um em Campo Grande, no dia 17 de setembro, em parceria com o IFHEP,e outro no Santa Marta, no dia 22 de setembro, com o Grupo Eco. 

Por Patrícia Lânes - Doutoranda em Antropologia (PPGA/ UFF).
Fonte: Ibase/Adital.

Polícia Prende Suspeito de Transportar Corpos de Jovens Assassinados na Favela da Chatuba.

Policiais do Batalhão de Mesquita (20º BPM) prenderam nesta quarta-feira, um homem suspeito de ter transportado os corpos dos jovens assassinados há cerca de 10 dias na favela da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense. 

Danilo Machado Valverde, conhecido como Danilo Carroceiro, foi capturado na localidade do Bicão. Segundo os agentes, ele é um dos homens de confiança do chefe do tráfico da Chatuba, Remilton Moura da Silva Junior, o Juninho Cagão, informações do portal R7. 

O suspeito foi levado para a Delegacia de Mesquita (53a DP). Segundo a PM, há um mandado de prisão por roubo contra Danilo Carroceiro. A polícia havia apreendido roupas camufladas, celulares, relógios e gaiolas com pássaros. Os PMs procuravam a carroça que teria sido usada pelo suspeito para transportar os corpos dos estudantes de Nilópolis. 

- Foi uma operação da nossa inteligência e também teve uma contribuição da população. Isso demonstra uma vontade do nosso comandante geral para dar uma resposta positiva para sociedade - disse o capitão Sebastian, da Corregedoria da PM, que chefou a operação. 

De acordo com a Corregedoria, os extratos bancários somaram uma quantia de R$ 20 mil. O dinheiro foi depositado em contas com os nomes de várias mulheres e uma delas pode ser a companheira do Remilton Moura da Silva Junior, segundo informações do portal G1. 

Além de Danilo Carroceiro, outras quatro pessoas envolvidas na chacina estão presas, Daniel Dias Cerqueira dos Santos e Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, conhecido como Beto Gordo, e dois menores conhecidos como Foca e Bola.

Fonte: Correio do Brasil.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Conselho Nacional de Juventude Divulga a 3ª Edição do Pacto Pela Juventude.


O Conselho Nacional de Juventude lançou a 3ª Edição do Pacto Pela Juventude. O Pacto é uma proposta das organizações que compõem o Conselho Nacional de Juventude dirigida ao Governo Federal e aos governos estaduais e municipais, para que se comprometam com as políticas públicas de juventude em suas ações e programas. 

 Também dirigido aos candidadtos a prefeito (os/as) e a vereador (es/as) para que incorporem as demandas juvenis em suas respectivas plataformas eleitorais, e assinem o Pacto Pela Juventude até o dia 30 de setembro de 2012. 

 Para maiores informações e orientações sobre a realização de atividades do Pacto Pela Juventude, acesse http://pactopelajuventude.wordpress.com/

FONTE: Secretaria da Criança e da Juventude de Pernambuco.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Recife sedia V Simpósio Internacional Sobre a Juventude Brasileira.

Começou nesta terça-feira (4/9) e segue até a próxima quinta-feira (6/9), o V Simpósio Internacional sobre a Juventude Brasileira (Jubra), que acontece na Universidade Federal de Pernambuco, na cidade do Recife. Um dos objetivos do evento é potencializar o fluxo de intercâmbios e ampliar a rede de cooperação entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros que estudem a temática da juventude a partir de diferentes referenciais e campos de atuação. 

A expectativa é que o Simpósio produza, em curto, médio e longo prazos, impactos na produção do conhecimento e amplie a troca de experiências sobre as políticas públicas no sentido de garantir os direitos dos adolescentes e jovens. 

Com um público aproximado de 1.000 pessoas, a maior parte dos participantes do Jubra é composta por pesquisadores e estudantes de psicologia, educação, ciências sociais, ciências da saúde e saberes afins; bem como os profissionais dessas áreas; profissionais de ONG's, de fundações, de governo nos níveis municipal, estadual e federal e de associações da sociedade civil; lideranças jovens que estão à frente de grupos e redes, entre outros. 

O Simpósio foi organizado a partir de debates, mesas redondas, palestras e apresentações culturais que aconteceram ao longo do evento.

Informações pelo site: http://www.unicap.br/jubra/

Fonte: Adital/Juventude.gov

Eleições e Juventude.

A iniciativa é uma realização do GAJOP, FOJUPE, ONG Etapas, Centro Sabiá, Diaconia e Escola Pernambucano de Circo (EPC).


Confirme sua presença e participe! Para mais informações:
E-mail: eleicoes2012juventude@yahoo.com.br
Telefone: (81) 3092-5260

Fonte: Gajop

Campanha Chama Adolescentes Para o Combate à Violência Sexual.

A Rede Ecpat Brasil, o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e o Coletivo Mulher Vida lançaram na última sexta-feira (31) a "Campanha ANA” – Conectad@s por uma Copa sem Violência Sexual. A iniciativa, que busca envolver adolescentes brasileiros no combate à violência sexual no contexto de grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol, foi divulgada virtualmente por meio das redes sociais twitter e facebook. 

A campanha tem como objetivo principal prevenir a violência sexual contra crianças e adolescentes durante a Copa das Confederações, que acontece em 2013, e a Copa do Mundo, que acontece em 2014, ambas no Brasil. A intenção é seguir com as atividades da campanha nas cidades-sede até o fim dos dois grandes eventos. 

Outro intuito é fortalecer o protagonismo adolescente no enfrentamento à violência sexual, torná-los sujeitos ativos nesse processo e ouvir suas demandas enquanto parcela da sociedade vulnerável ao abuso e à exploração sexual. 

"Existem no Brasil várias campanhas de combate à violência sexual de crianças e adolescentes, mas são poucas as que os envolvem diretamente”, esclareceu Lívia Rodrigues, assessora de Mobilização da Campanha. 

Lívia assegurou que já no dia do lançamento houve grande adesão à iniciativa. Com o passar dos dias, a intenção é divulgar ainda mais para que a campanha chegue ao conhecimento de milhares de adolescentes de todo o Brasil. "Já no primeiro dia de campanha houve matérias em jornais e uma grande participação no twitter, com muitas pessoas retuitando a hashtag #ConheçaANA, lançada para divulgar a campanha”, disse. 

As atividades da Campanha ANA serão basicamente realizadas por meio das redes sociais, de um blog e de um boletim informativo quinzenal. Os interessados em recebê-los podem deixar o e-mail no blog ou no facebook da Campanha. Serão realizados também dois chats com especialistas para que os adolescentes interajam e tirem suas dúvidas. 

Outra ação que acontece no marco da Campanha é o seminário ‘Adolescentes e Jovens Conectados por uma Copa sem Violência Sexual – Campanha ANA’, marcado para 22 e 23 de outubro, no Centro de Convenções de Olinda, Pernambuco. O encontro terá abrangência nacional e contará com a participação de adolescentes e especialistas para debater participação juvenil no enfrentamento à violência sexual. 

O nome da campanha, ‘Ana’, batizará também uma personagem que estará inserida em todas as ações virtuais. Ela tem 12 anos, estuda em uma escola pública e mora no município de São Lourenço da Mata, onde está sendo construído o estádio onde acontecerão os jogos da Copa em Pernambuco. A adolescente não terá computador, mas passeará pelas redes sociais, pelo blog e pelos chats em uma lan house oferecendo informações, levantando questionamentos e dividindo conhecimentos com adolescentes de todo o Brasil. 

Para conhecer mais a Campanha:
Acesse: http://anamovimento.blogspot.com.br/
Twitter: https://twitter.com/campanhaanae 
Facebook: Campanha Ana. 

As cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol são: Fortaleza (CE), Recife (PE), Natal (RN), Salvador (BA), Manaus (AM), Cuiabá (MT), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (RJ), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).

Por Natasha Pitts
Fonte: Adital.