segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Eugenia no Brasil - Debatendo à luz da História

Esse pequeno texto é de autoria do professor de História Afro-brasileira, Wellington Lima. Eis uma pequena proposta para instrumentalizar um pouco mais sobre o debate sobre a questão racial do Brasil.

Boa Leitura a Todos!!!




Eugenia no Brasil
Compreender o que foi e como se proliferou a eugenia no Brasil entre 1880 e 1940 requer um estudo global das tendências ideológicas sobre a espécie humana na época. Isso é possível a partir da análise das teorias dos estudiosos e da elite nesse período.

Em primeiro lugar podemos destacar o darwinismo social e biológico, adotado como modelo científico para explicar a realidade social, configurando, assim, idéias como a de uma luta universal dos organismos pela sobrevivência e, derivação necessária, de uma hierarquia natural que dividiria a humanidade em raças superiores e inferiores.

Tal idéia de segregação racial era apoiada pelas elites brasileiras que ainda possuíam resquícios das ideologias do período escravocrata. O professor Thomas Skidmore analisa o processo de segregação racial a partir de um estudo dos teóricos brasileiros no período de transição entre o período escravocrata e o de mercado de trabalho livre onde fica clara a influência da teoria européia de embranquecimento nas obras dos autores brasileiros.

Além disso, teorias como o anti - semitismo e de segregação social também estavam incutidos na sociedade brasileira. Um bom exemplo disso é o período compreendido como “Belle Époque” onde as classes populares ficaram a margem dos grandes centros urbanos construídos nos primeiros anos do século XX, ou durante a ditadura de Getúlio Vargas, onde judeus foram depreciados, espancados e deportados por autoridades do governo, como bem mostra Maria Luiza Tucci em seu livro O anti-semitismo na era Vargas.

Com isso temos na eugenia uma tentativa de modificar boa parte dos modelos étnicos e sociais do período estudado, na tentativa de construir sociedades mais desenvolvidas arianas e ricas, tomando o padrão europeu como base para o nosso país.



INTERAGINDO COM A TEMÁTICA:

Esse texto que segue a seguir foi publicado em 2006, mas, ao meu ver o conteúdo dele fala bastante coisas, que se enquadram de forma notável aos dias atuais, principalmente nas periferias das metropoles brasileiras.




Segundo estatísticas de 2000, 16 crianças e adolescentes foram assassinados por dia, em média. Desses mortos, 14 tinham entre 15 e 18 anos. Desse total, 70% eram negros. Os negros só perdem para a população indígena na taxa de mortalidade infantil.

Em cada grupo de dez jovens de 15 a 18 anos assassinados no Brasil, sete são negros. A raça também representa 70% na estimativa de 800 mil crianças brasileiras sem registro civil. Entre os indicadores negativos, os negros só perdem para a população indígena na taxa de mortalidade infantil.

Os números, contidos no relatório "Estudo das Nações Unidas sobre a Violência contra Crianças", encomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que o perfil das vítimas da violência vai muito além da faixa etária. "A violência não tem só idade. Tem cor, raça, território".

As vítimas são os negros, os pobres, os moradores de favelas", afirmou a psicóloga Cenise Monte Vicente, coordenadora do Escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em São Paulo.
A declaração foi feita na última quarta-feira, durante debate sobre a situação da violência contra crianças no Brasil e no mundo, promovido pela Folha de S.Paulo e pelo Unicef e com a mediação do jornalista Gilberto Dimenstein, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo.

Nesse dia, o relatório, feito pelo professor e pesquisador Paulo Sérgio Pinheiro, foi apresentado na Assembléia Geral das Nações Unidas. Pinheiro foi convidado como especialista independente pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. O documento cita relatórios de 132 governos e consultas a organizações não-governamentais.

A realidade brasileira é descrita por dados como os do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/DataSus). Segundo estatísticas de 2000, 16 crianças e adolescentes foram assassinados por dia, em média. Desses mortos, 14 tinham entre 15 e 18 anos. Nessa faixa etária, 70% eram negros.

Conforme Cenise, o alerta também vale para a situação da criança indígena no Brasil. O relatório cita que a média de óbitos entre crianças até um ano de idade é de 47 por mil nascidos vivos. A média nacional foi de 26 óbitos em 2004. As preocupações com os aspectos raciais e étnicos da violência estarão no plano de colaboração do Unicef com os países onde atua, elaborado a cada cinco anos.

"Vamos fazer um corte (separação) racial e étnico e sensibilizar os gestores públicos e as ONGs para tornar esse padrão inaceitável", disse. (Folhapress) NÚMEROS 70% de estimadas 800 mil crianças brasileiras sem registro civil são de raça negra 16 crianças e adolescentes foram assassinadas por dia no Brasil, no ano 2000. Desse total, 14 tinham entre 15 e 18 anos 47 crianças indígenas de até um ano de idade, em cada mil, morreram em 2004 no Brasil. A média nacional de crianças (em geral) mortas no país no mesmo ano era de 26 óbitos em mil na faixa etária.



Fonte: Relatório "Estudo das Nações Unidas sobre a Violência contra Crianças

Preconceito de professores é entrave para ensino de história afro-brasileira, aponta educadora.


Por Amanda Mota, da Agência Brasil [Terça-Feira, 18 de Novembro de 2008 às 10:41hs]


Por preconceito e falta de interese pela temática racial a maioria dos educadores não leva adiante a determinação federal de colocar em prática na sala de aula o ensino da história e da cultura afro-brasileiras. A opinião é da professora da Rede Municipal de Ensino de Manaus, Ana de Oliveira.

"Nós, professores, temos recebido apoio do governo federal e das secretarias [estaduais e municipais]de Educação para trabalhar o tema em sala de aula. Falta agora a iniciativa de cada professor. Trata-se de um processo de mão dupla, onde os governos fazem a lei, dão o incentivo e os educadores devem corresponder fazendo a sua parte", afirmou a educadora.

"Do contrário, a Lei estará sempre engavetada", completou Ana, referindo-se a Lei 10.639 que, desde 2003, estabelece a obrigatoriedade do no país do ensino da história e cultura afro-brasileiras nas escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental e Médio.

Também para Lenize Martins, diretora da Escola Municipal Professora Percília do Nascimento Souza, localizada na zona Oeste de Manaus, o preconceito é o maior entrave a aplicação da lei e o papel da escola é combatê-lo. "Vivemos uma época onde é preciso reconhecer que o preconceito racial existe e ultrapassá-lo.

O trabalho pesado feito pelos primeiros negros no Brasil não é reconhecido como base para o início da construção da sociedade brasileira. Toda escola é formadora de opiniões e local de cidadania. Nesse sentido, tem papel fundamental para o esclarecimento sobre as diferenças existentes na sociedade e para a extinção de preconceitos", apontou a gestora.

Ela conta que, para conscientizar alunos e a comunidade local sobre a importância de conhecer e valorizar a história e a cultura afro-brasileira, a escola decidiu esse ano mudar a forma de abordar o Dia da Consciência Negra, celebrado na próxima quarta-feira, 20.

Há vários dias, os aproximadamente 500 alunos, do 1º ao 5º ano da escola, estão sendo mobilizados para apresentar uma série de pesquisas sobre os costumes, o vocabulário, a culinária e a influência do negro no Brasil numa feira cultural aberta à comunidade.

De acordo com Lenize, a iniciativa representa uma ação localizada, mas que pretende contribuir para o cumprimento da Lei 10.639 promover a discussão sobre a questão racial na sociedade. "Até o ano passado, o Dia da Consciência Negra, era trabalhado apenas como hora cívica. Estamos ampliando o tratamento desse assunto na escola e este ano decidimos fazer um evento maior.

Pais, pessoas da comunidade e outros estudantes interessados também poderão participar. Nossa escola estará de portas abertas e com isso esperamos contribuir para uma melhor divulgação do assunto", concluiu.

Em todo o estado do Amazonas, há cinco anos, é realizada a Semana da Consciência Negra, que reúne diversas atividades relacionadas às questões afro-brasileiras. As ações são realizadas de forma coletiva por entidades representadas no Fórum Permanente de Afro-Descendentes do Estado (Fopaam). Segundo a entidade, estima-se que pelo menos 30% da população amazonense seja de descendência negra.

FONTE: http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/NoticiasIntegra.asp?id_artigo=5222

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