Bombas de gás lacrimogêneo atingiram pessoas que passavam pelo local. Cerca de 500 pessoas participaram do protesto contra aumento da tarifa.
Um novo confronto entre polícia e manifestantes ocorreu no início da tarde desta segunda-feira (23) no centro do Recife. O conflito aconteceu durante um protesto contra o aumento das passagens de ônibus anunciado na última sexta-feira (20). O Batalhão de Choque da Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que fechavam o cruzamento da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua da Aurora, causando transtornos ao trânsito da área central do Recife.
Pessoas que circulavam pela área acabaram sendo atingidas - comerciantes que trabalhavam na via foram pegos de surpresa e muitos começaram a passar mal. Lojas fecharam às pressas, baixando portas para evitar invasões. "A gente só viu aquela fumaça branca subindo e o povo correndo. Covardia, os estudantes estavam desarmados e eles já chegaram com escudos levantados", diz o vendedor Rafael Azevedo. "O choque foi necessário porque eles estavam fechando a via", explica o comandante da Policia Militar José Antônio da Silva Filho. Os manifestantes reagiram às balas de borracha e bombas de efeito moral com pedras.
A comerciante Edijane Florêncio Conceição trabalha há dez anos na Avenida Conde da Boa Vista. "Eu tava trabalhando, não tinha nada a ver com isso. Jogaram pimenta nos meus olhos, está ardendo muito", dizia, desesperada, a comerciante, que era acudida por populares. “Nós somos trabalhadores, não temos nada a ver com isso", reclamou o vendedor Ulisses Silva.
Uma das bombas explodiu próxima a uma mulher grávida, que foi socorrida aos prantos. "Ela estava passando mal, inalou o gás", explica o entregador de jornal Alésio Rodrigues, que ajudou a socorrer a moça. “Eu fiquei com muito medo, a bomba estourou muito perto”, acrescenta Alésio. “Eu saí correndo, não sabia o que estava acontecendo, só vi a confusão”, desabafa o autônomo João Antunes.
Mesmo debaixo de chuva, os manifestantes saíram em passeata por volta das 11h da manhã, seguindo pela Rua do Hospício e passando por ruas movimentadas do centro, como Avenida Conde da Boa Vista, Rua do Sol, Avenida Dantas Barreto e retornando a Conde da Boa Vista. A palavra de ordem era “se a passagem não baixar, o Recife vai parar”.
Com flores nas mãos e cartazes de ordem, pessoas de todas as idades e profissões integraram o movimento. “Existem outras soluções para o transporte, que não os ônibus. Nosso movimento é também pela mobilidade urbana da cidade”, defende o educador social e presidente da Associação de Pescadores de Brasília Teimosa, Ricardo Rodrigues.
Durante o protesto, os líderes do Comitê Contra o Aumento da Passagem insistiam em lembrar aos manifestantes que aquele era um movimento pacífico. Porém, logo no começo, alguns já se encontravam mais alterados. “A gente colocou os ferros para descer as portas se tiver confusão. Hoje [segunda], eles estão muito mais agitados”, explica a gerente de uma loja na Rua do Hospício, Adriana Vieira.
Agreessão:
Dois cinegrafistas da Rede Globo Nordeste foram agredidos durante a passeata. Um pequeno grupo, munido de pedaços de madeira, bateu nas câmeras e cuspiu em lentes. “Nós pedimos desculpas, têm algumas pessoas que não entendem a nossa proposta”, se desculpou um dos líderes do movimento, Edilson Silva.
Reajuste:
Na última sexta-feira (20) foi aprovado o índice de reajuste de 6,5% para as passagens de ônibus na Região Metropolitana do Recife. O aumento passou a valer desde domingo (22). O anel A, o mais usado pelos passageiros, passou de R$ 2 para R$ 2,15, após ser homologado o arredondamento pela Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe).
Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar entraram em confronto com os estudantes que faziam o protesto contra o reajuste das tarifas de ônibus do Grande Recife. Alguns jovens saíram feridos e outros foram detidos e encaminhados para a delegacia.
FONTE: G1.Globo.
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