quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Militância, Atitude e Ideologia nos Movimentos Juvenis.

Infelizmente ainda encontramos indivíduos e também, grupos sociais que nutrem concepções ideológicas, bastante, conservadoras a respeito da participação juvenil no debate político e social. E diante dessa realidade, temos na grande maioria dos casos, uma atribuição de significados pejorativos aos jovens e propagados de forma generalizada, contribuindo para a concretização de definições sobre a juventude, baseado em valores como: rebeldia, despolitização e inconsequência.

São concepções que detém uma forte ideologia excludente, marcadas pelo desprezo ao coletivismo e pela negação a qualquer forma de participação heterogênea que envolva novos atores sociais, como jovens, indígenas, mulheres e negros a qualquer tipo de debate. Isso é fruto de uma cultura política patriarcal e elitista.

Entretanto, graças as ações energicas de vários setores dos Movimentos Sociais, a conquista da democracia brasileira vem avançando cada vez mais, e favorecendo a ampla participação de novos sujeitos históricos, não somente no debate social, como também na interferência direta sobre a agenda pública da esfera política. E dentro dessa conjuntura que os diversos movimentos juvenis vem atuando de várias formas para romper com as politicas estreitas que menosprezam a juventude brasileira,e que corrompem essa importante parcela demográfica com uma sociedade alicerçada no consumo exarcebado e em um materialismo superficial.

Entretanto a luta por avanços na esfera social tem que ser efetivada, por meio de ações fundamentadas em argumentos politizados para que o "feitiço não vire contra o feiticeiro".É sobre essa questão que pretendo debater ao longo do texto. Sabemos que a construção de uma democracia ampla que permita a efetivação de um bem comum a todos os cidadãos, não é algo criado de forma instantânea, e sim, é um processo de conquistas e de avanços ininterruptos. E é na luta por novos direitos ou ampliação dos direitos ja existentes que o discurso tem que sempre se alinhar com uma ação cidadã de respeito a pluralidade de idéias.

A rebeldia política ligada aos movimentos políticos, tende a diminuir, a medida que tais movimentos avançam para uma maior institucionalidade. Tornando, ao contrário do que muitos pensam, suas ações muito mais complexas. São os antigos movimentos sociais que hoje não alimentam de forma constante, aquela efervecência militante que tanto era manifestada, desde a década de 60 até o final dos anos 90 do século passado. E isso é algo bom, pois mostra um maior amadurecimento dentro desses movimentos. A prova disso se encontra na atual relação entre o Estado e os Movimentos Sociais, seja em grandes conferências, em debates políticos e até em criação de novas leis. É dessa forma que a democracia vai se cristalizando.

É válido ressaltar que não defendo uma pacificação dos movimentos sociais, nem tampouco almejo defender concepçoes reacionárias, e sim, atuo em favor da evolução gradual desses movimentos, principalmente na esfera da juventude. Manifestações públicas são importantes e até mesmo necessária, no entanto formação política e ideológica também é fundamental. As conquistas que os movimentos protagonizados pela juventude brasileira nas diversas áreas como educação, cultura, lazer, esportes e cidadania foram relevantes, mas precisamos avançar mais. E esse passo para novos horizontes tem que ser efetivado pela boa relação entre a luta classista. a mobilização, a militância e a capacidade de negociação. Fatores esse que tem que ser protagonizado por todos e não por divisão específicas de tarefas.

Infelizmente muitos movimentos juvenis ainda insistem em manifestar um comportamento inconsequente e patrocinar atitudes que afetam a cidadania, como a depredação do patrimônio público, pichações em prédios tombados como patrimônios históricos, queima de pneus etc. Ações como essa oxigenam a luta classista, mas também favorecem a ampla propagação de concepções conservadoras sobre a juventude.

E justamente por isso que venho manifestar a minha opinião sobre a grande relevância que a formação política tem para os movimentos de juventude, uma vez que, ir para as ruas é muito importante para a vida orgânica de qualquer movimento, entretanto, ter argumentos bem fundamentados e saber construir uma relação institucional com a esfera pública é essêncial para uma se efetivar uma representação classista de qualidade.

O Movimento Passe Livre (Joinville) optou por adotar uma prática diferente no dia 26 de Outubro, dia nacional da luta pelo passe livre. Em vez do tradicional ato com passeatas pelas ruas centrais da cidade, o MPL realizou a exibição do documentário filmado em Florianópois "Impasse" (dirigido por Fernando Evangelista e Juliana Kroeger) em frente ao terminal central de ônibus.

Ações como essas, mostram como alguns movimentos passam a manifestar suas opiniões de forma mais diversificada, contribuindo para uma maior valorização dos Movimentos Sociais para a sociedade e para o Poder Público.





Pichações em Locais Públicos ou em Patrimônios Históricos são exemplos de ações que contribuem para que a visão conservadora sobre os movimentos sociais juvenis se propaguem em diversos meios de comunicação, dificultando cada vez mais a conquista de direitos ligados a juventude. E justamente para não resumir os movimentos juvenis a ações como essas que é fundamental um constante amadurecimento nas práticas e nos métodos aplicados, durante o decorrer da luta política.

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