No Estado de São Paulo, somente no mês de janeiro de 2013, foram presas 10.125 pessoas. No ano de 2012, foram 108.000 pessoas presas em SP; a grande totalidade formada por jovens de 18 a 30 anos. Esse aceleramento de prisões também se reflete em todo o Brasil.
É tempo de rever nossas ações. É tempo de a Igreja, a Pastoral Carcerária, os movimentos sociais, e todos os conselhos ligados à Justiça Penal, verificarem as suas estratégias de trabalho, pois todas as ações até o momento não têm reduzido esta chaga social chamada "encarceramento em massa"!
Mesmo com todas as ações consistentes em seminários, audiências publicas, manifestos, cartas às autoridades, denúncias das violações, trabalho em redes sociais, trabalhos com os movimentos nacionais e internacionais, sequer o sofrimento dos atingidos pelo encarceramento em massa é diminuído. São cada vez mais numerosas as pessoas pressas, os familiares, as pessoas egressas, com danos cada vez maiores não apenas a essas, que são a classe mais vulnerável do sistema, mas à própria sociedade, aflita com uma crescente violência, cujas causas verdadeiras ficam escondidas embaixo das cortinas da mídia sensacionalista e discriminatória.
Vivemos sob a regência de um sistema penal que, ao aprisionar em massa as pessoas mais pobres e privilegiar a minoria mais rica, não infringe nenhuma regra. A Constituição proíbe a pena de morte, mas, na prática, vemos, diariamente, jovens sendo executados nas periferias ou presos em unidades cada vez mais superlotadas e insalubres. A Constituição veda a pena perpétua, mas milhares de pessoas egressas do sistema prisional carregam, pelo resto da vida, o estigma de ter passado pelo violento sistema prisional, com o sério risco de se tornar novamente presa fácil das agências de controle nas periferias do país.
Em uma sociedade tão desigual, tamanho cenário de violência não admite interpretações ingênuas: as políticas de extermínio e de encarceramento em massa são, na prática, a nossa Lei a oferecer sacrifícios humanos com a finalidade de assegurar a manutenção dos bens das pessoas "de bens” da sociedade.
Ao mesmo tempo, a grande massa social, mecanizada pelos meios de comunicação, reproduz o discurso da Lei que prende e aniquila as vidas das pessoas mais frágeis, sem se dar conta do que une todas as populações pobres desse país: em menor ou maior grau, somos todos massacrados para manter e aprofundar as desigualdades geradas por um sistema em que poucos têm muito e exploram os muitos aos quais restam as migalhas e a violência do Poder Público.
Lembremos que Jesus Cristo, o justo, foi preso, condenado e executado no rigor da Lei. Está mais do que na hora de, reconhecendo nos rostos das irmãs e irmãos mortos e encarcerados o rosto de Jesus Cristo desfigurado pelo pecado. É hora é de reagirmos, nossos jovens merecem outro futuro!
Por Padre Valdir João Silveira - Coordenador da nacional da Pastoral Carcerária
FONTE: CNBB / Adital / Carcerária.org
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