terça-feira, 29 de junho de 2010

Coluna: O Presidente Responde - 29/06/2010.

O Presidente Responde
Coluna semanal do presidente Lula
Fonte: http://www.imprensa.planalto.gov.br/

José Sisenando Régis, 49, músico de Campina Grande (PB) – Qual é a providência que o seu governo está tomando para combater a violência, que vem crescendo tanto no Brasil?

Presidente Lula – Pela primeira vez no Brasil, o governo está trabalhando de maneira apartidária, em parceria com estados e municípios, e combinando ações repressivas contra o crime com a implantação de programas sociais, educacionais, culturais e de lazer permanentes. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) está implementando mais de 90 ações de repressão e de prevenção nos Territórios de Paz, que são áreas que apresentavam grande número de ocorrências policiais. As forças locais de segurança são treinadas para entrar nas comunidades e lá permanecerem. No Rio de Janeiro, os morros pacificados, coisa impensável até recentemente, seguem as diretrizes do Pronasci e estão ficando livres do tráfico. Outra ação: mais de 200 mil policiais recebem bolsas para participar de cursos de aperfeiçoamento. O orçamento federal para a segurança praticamente triplicou, passando de R$ 951 milhões, em 2003, para R$ 2,7 bilhões, em 2009. Os resultados são estimulantes. No bairro de Santo Amaro, em Recife, o número de homicídios caiu 60%. E pesquisa da FGV constatou que 61% dos entrevistados das áreas dos Territórios de Paz dizem que já melhorou a situação da segurança.

Giovane Marques, 37 anos, advogado de Cuiabá (MT) – O que leva o governo federal a deixar desamparado o setor primário, principalmente o agrícola, e incluindo o minério? Por que não se processa os produtos aqui, agregando valor e aumentando o número de empregos?

Presidente Lula – Nós temos valorizado como nunca o setor agrícola e trabalhado para a agregação de valor aos nossos produtos. Aumentamos o volume de crédito rural de R$ 24,7 bilhões na safra 2002/2003 para R$ 116 bilhões na atual safra. Já somos líderes na exportação de etanol e de suco de laranja (temos 80% do mercado mundial) e estamos entre os cinco maiores exportadores do mundo em óleo e farelo de soja, carne bovina industrializada, café solúvel, açúcar, celulose, couros e subprodutos. Quanto ao setor mineral, estamos concretizando o sonho de aumentar a produção e a exportação de aço, em vez de minério de ferro. Este mês, participamos, no Rio, da inauguração da Siderúrgica CSA, que vai produzir 6 milhões de toneladas anuais de placas de aço. E acompanhamos o início das obras da Siderúrgica ALPA, no Pará. São empreendimentos da Vale do Rio Doce com sócios estrangeiros. A empresa decidiu construir também duas outras siderúrgicas: a CSP, em Pecém (CE) e a CSU, no Espírito Santo. Para exportar derivados como gasolina premium e óleo diesel de qualidade, em vez de petróleo cru, estamos construindo no Porto de Suape, em Recife, a Refinaria Abreu e Lima e a Petrobras vai construir outras três refinarias gigantescas – no Maranhão, Ceará e em Itaboraí (RJ) –, além de ampliar a capacidade instalada da Refinaria Clara Camarão (RN).

Thiago Cardoso Rosa, 29 anos, administrador de Ribeirão Preto (SP) – No PAC 2, que fomenta a habitação no país, quais as ações que o governo pretende adotar como medidas de proteção ambiental devido à grande impermeabilização do solo que haverá com a construção de novas moradias?

Presidente Lula – Sua preocupação é pertinente, tanto que o governo federal, ao lançar o Minha Casa, Minha Vida, garante, em suas normas, o respeito à legislação urbanística e a implantação da infraestrutura de saneamento básico, ou seja, abastecimento de água, esgotamento sanitário, sistema de recolhimento do lixo e de drenagem. Quanto à questão do solo, o governo também prevê a necessidade de garantir áreas não impermeabilizadas, dentro do lote e nas calçadas, que possibilitem a infiltração, como também, o amortecimento da velocidade das águas da chuva. Temos a Lei de Saneamento e a Lei que trata da urbanização em áreas consolidadas, além das resoluções do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), que garantem a sustentabilidade ambiental. Adicionalmente, o governo estimula a implantação de soluções mais avançadas e não usuais de melhoria de desempenho energético, como, por exemplo, o aquecimento com energia solar da água, armazenamento e utilização de águas pluviais, etc. Todas essas iniciativas apontam para a sustentabilidade das cidades.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Direto do "Blog do Jamildo"

Chuvas no Nordeste: raiva, pena, perplexidade.
POSTADO ÀS 10:54 EM 28 DE Junho DE 2010
Por Leonardo Sakamoto, do Blog do Sakamoto.


Conheço bem a região que foi afetada pelas águas em Alagoas e Pernambuco. Sei que, como jornalista, pode pegar mal falar essas coisas, mas vendo as imagens na TV sinto uma raiva absurda por aquela situação, pelas justificativas dadas para a catástrofe e pela certeza de que aquilo acontecerá de novo. Pois tragédias causadas pela natureza são muito poucas. A grande maioria delas poderia ser evitada ou profundamente mitigada se houvesse ação humana no sentido de prevenir. Quando você visita aqueles locais sabe que as construções estão em locais impossíveis, que alguma desgraça iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

Distribuir dinheiro é importante para fazer as pessoas comerem todo o dia e continuarem de pé. Mas o Estado devia passar por um “choque de gestão” – para usar um termo caro aos liberalóides – a fim de inverter suas prioridades. A pauta nas discussões da campanha eleitoral não deveria ser a construção de infraestrutura com dinheiro público para a produção e escoamento de mercadorias, mas infraestrutura para tornar a vida do cidadão pé-rapado minimamente aceitável. Quando se fala em asfalto e concreto, a principal carência no país não é, como nos fazem crer, a ausência de portos, rodovias, silos, entrepostos, aeroportos e sim de condições dignas de moradia, transporte, educação, enfim, estruturas que efetivem a cidadania dessa massa parda que serve como mão-de-obra barata para o crescimento.

“O Estado deveria garantir estrutura para que a economia cresça. Com o desenvolvimento econômico do país, as pessoas vão ganhar mais e poderão investir na educação de seus filhos e na reforma de suas casas. Haverá mais recursos nos caixas de governos estaduais e municipais que poderão, com parcimônia, ser utilizados para benefício social da população mais carente…” Quando alguém diz uma aberração dessas, não dá vontade de dar um “Pedala Robinho”? Na ditadura, era fazer crescer o bolo e depois dividir. Hoje é fazer crescer o bolo e, se sobrar migalhas, que os pobres se digladiem por elas.

Outra coisa: os locais atingidos pela água, além de deterem alguns dos mais baixos índices de desenvolvimento humano do país, possuem também alta concentração de terras. Por isso, ao invés de mandar consolo em sobrevôos ou repassar recursos que nunca chegarão em sua totalidade ao Zé que perdeu tudo, o governo federal bem que poderia usar esse momento para promover uma reforma agrária de verdade na região, gerando uma mudança estrutural que esse povo precisa. A tragédia poderia ser usada como justificativa humanitária, uma vez que falta coragem para os governos até agora peitarem os coronéis e dividirem a terra.

Em suma, que tal canalizarmos esses sentimentos todos – raiva, pena, perplexidade… – em algo mais útil do que doar roupa e limpar nossa consciência? Que tal cobrarmos dos nossos candidatos ao que quer que seja que se comprometam a mudar as prioridades, uma vez que as atuais resultaram nesse mar de lama?

PS: Leonardo Sakamoto é jornalista e doutor em Ciência Política. Cobriu conflitos armados e o desrespeito aos direitos humanos em Timor Leste, Angola e no Paquistão. Já foi professor de jornalismo na USP e, hoje, ministra aulas na pós-graduação da PUC-SP. Trabalhou em diversos veículos de comunicação, cobrindo os problemas sociais brasileiros. É coordenador da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Fonte: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/canais/artigos/2010/06/28/chuvas_no_nordeste_raiva_pena_perplexidade_74051.php?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

domingo, 27 de junho de 2010

130 Anos do Nascimento do Líder: João Cândido.

No último dia 24 de junho, completam-se 130 anos do nascimento de João Cândido, o líder negro da Revolta da Chibata, que colocou a República Velha de joelhos .

O líder da Revolta da Chibata de 1910, João Cândido, nasceu em 24 de junho de 1880, na Encruzilhada do Sul (RS) e morreu em 6 de dezembro de 1969. Nestes 130 anos seu nascimento, o Brasil ainda não conhece a história e sua luta.

Os documentos sobre a vida e história de João Cândido não puderam ser acessados nem por ele nem pelos filhos, mesmo após sua “anistia” concedida no ano passado, 98 anos após o levante. Publicada Em 24 de julho de 2008, 39 anos depois da morte de João Cândido Felisberto, a Lei 11.756 que “anistiou” o líder da Revolta da Chibata e a seus companheiros, foi vetada pelo governo Lula na parte em que determinava a reintegração de João Cândido à Marinha do Brasil e imporia à União o pagamento dos soldos atrasados e das promoções que lhe seriam devidas, bem como na concessão de aposentadoria e pensão aos seus dependentes. João Cândido morreu na completa pobreza, como estivador e vendedor de peixes na Praça XV do Rio de Janeiro, sem patente nem aposentadoria, sendo perseguido até o fim de seus dias.

A Revolta:

Em 15 de novembro de 1910 tomara posse no governo federal, cuja sede era então a cidade do Rio de Janeiro, que contava com pouco mais de um milhão de habitantes, o marechal Hermes da Fonseca, substituindo Nilo Peçanha após uma intensa campanha eleitoral, à época denominada de "civilista", encabeçada por Rui Barbosa, contra o candidato reacionário. A vitória de Hermes da Fonseca representou o predomínio dos setores mais reacionários sobre o Estado contra o candidato democrático das classes médias e de setores da burguesia.

As forças armadas burguesas apóiam-se sempre em uma disciplina burocrática. No Brasil da República Velha, mais ainda do que hoje, a Marinha constituía-se na força mais reacionária e mais aristocrática do que o Exército, dominado pela tradicional camarilha reacionária, mas ainda impregnado de toda a luta democrática que ia desde a Abolição até a proclamação da República e os primeiros anos dos governos republicanos.

Seguindo um ilegal costume da oficialidade da Marinha e do Batalhão Naval, no dia 22 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, foi condenado a 250 chibatadas.

O castigo da chibatada havia sido abolido na Armada pelo terceiro decreto do primeiro governo republicano do País, em 16 de novembro de 1890, mas continuava em vigor na prática, a critério dos oficiais. Centenas de marujos, de expressiva maioria negra, continuavam tendo seus corpos retalhados, como nos tempos da escravidão pelos oficiais brancos.

Conforme o relato do 2º sargento Eurico Fogo, uma das vítimas da chibata, publicado no livro de Edmar Morel “A revolta da Chibata”, "o bandido (carrasco que aplicava a pena, NR) apanhava uma corda mediana, de linho, atravessava-a de pequenas agulhas de aço, das mais resistentes e, para inchar a corda, punha-a de molho com o fim de aparecer apenas as pontas das agulhas. A guarnição formava e vinha o marinheiro faltoso algemado. O comandante, depois do toque de silêncio, lia a proclamação. Tiravam as algemas do infeliz e o suspendiam nu da cintura para cima no pé de carneiro, ferro que se prendia ao balaustrada do navio. E, então, Alipío, mestre do trágico cerimonial, começava a aplicar os golpes. O sangue escorria. O paciente gemia, suplicava, mas o facínora prosseguia carniceiramente o seu mister degradante. Os tambores batiam com furor, sufocavam os gritos (...) A marinhada, possuída de repulsa e de profunda indignação concentrada, murmurava: - Isto vai acabar!".

O marinheiro Marcelino recebeu as 250 chibatas assistidas por toda a tripulação do navio. Mesmo depois de desmaiado o flagelo continuou.

Naquela mesma noite, às 22 horas, a bordo do Minas Gerais, primeiro e, depois do São Paulo e do cruzador Bahia, centenas de marinheiros se amotinaram, destituíram seus comandantes e toda a oficialidade. Tudo conforme haviam arquitetado os líderes da revolta, à frente dos quais se encontrava João Cândido, marinheiro negro do Minas Gerais. Segundo o próprio: “o resto foi rotina de um navio em guerra".

Governo Refém:

O governo ficou prostrado diante do fato de os marinheiros negros terem tomado à força o comando dos maiores navios de guerra do Brasil da época. Reunido o alto comando militar, bem como as principais autoridades e lideranças do governo e do congresso, todos tentavam em vão encontrar uma saída que não fosse a rendição diante da revolta. O regime político burguês e latifundiário, como sempre somente começava a se mexer diante da ação extrema das camadas subalternas da população.

Informados sobre as tentativas de contra ataque do governo, os marinheiros não se abateram e reafirmaram suas ameaças, por meio de novas mensagens para as autoridades onde diziam: “não queremos fazer mal a ninguém, porém, não queremos mais a chibata”, pediam o apoio da população – “ao povo brasileiro os marinheiros pedem que olhem sua causa com simpatia que merecem, pois nunca foi seu intuito tentar contra as vidas da população laboriosa do Rio de Janeiro” - mas deixam claro sua disposição de ir até às últimas conseqüências – “...quando atacados ou de todo perdidos, os marinheiros agiram em sua defesa” - e exigem providências – “... esperam, entretanto que o governo da República se resolva a agir com humanidade e justiça”.
A Vitória dos Marinheiros:

O governo - incluindo os setores mais direitistas - recua. Não há condições para dominar e derrotar o motim. Os revoltosos dispõem de enorme poder bélico (de fato, capaz de arrasar a cidade antes que sejam dominados) e o governo não dispõe de apoio político popular para ações mais ousadas devido à crise do regime. As eleições haviam dividido os partidos das oligarquias rurais e da burguesia e da pequena burguesia das cidades, bem como os militares, e a revolta provocava pânico na população (depois das ameaças de resistência) e obtinha uma crescente simpatia, diante da enorme capacidade e organização demonstrada pelos marinheiros, não só em assumir o comando da esquadra, mas em mantê-la em funcionamento em perfeitas condições.

Nas negociações entre os revoltosos e os representantes do governo e parlamentares, os últimos prometem apenas fazer a lei que já existia proibindo a chibata, pôr em discussão as demais melhorias reivindicadas pelos marinheiros e assegurar-lhes a anistia contra a “insubordinação” e mortes de oficiais ocorridas.

Após intensa discussão no Congresso Nacional, o projeto é submetido a votação, usando-se inclusive da fraude de anunciar que os marinheiros haviam suspendido a revolta declarando-se arrependidos e suplicando a anistia. Tudo isso, como explica Edmar Morel, "foi forjado para facilitar a tarefa do Senado Federal que precisava de uma saída honrosa". Três horas após ser aprovado no Senado, o projeto foi aprovado por larga maioria na Câmara dos Deputados, demonstrando uma vez mais como uma verdadeira pressão sobre o parlamento (não os lobbies que a burocracia sindical e a esquerda petista apreciam tanto) é capaz de fazer para superar a proverbial lerdeza e má-vontade dos deputados e senadores em atender as reivindicações populares!

O Comitê Geral, dirigido por João Cândido, diante da aprovação da anistia e do fim da chibata, resolve em 25 de novembro terminar a revolta e depor as armas dos mais de três mil marujos sob seu comando, apesar de manifestações em contrário, como o marinheiro José Alves, que era contra o fim da revolta. A oligarquia da República Velha e a burguesia haviam capitulado diante da exigência armada dos marinheiros.

A posição mais recuada de João Cândido triunfa, e no dia 26 as embarcações começam a atracar no cais e o comando das embarcações é novamente entregue ao Ministério da Marinha.

Um Exemplo de Luta:

Superando, por força das condições miseráveis que lhes eram impostas, o profundo atraso cultural em que viviam os milhares de marinheiros liderados pelo negro João Cândido, então com trinta anos, foram os protagonistas de um dos mais extraordinários episódios, dentre muitos outros dos quais a história do Brasil está repleta, que exemplificam a coragem, a determinação e a capacidade das massas exploradas do país, em particular do seu proletariado, de se insurgirem contra a exploração, a opressão e a tirania dos exploradores e seus governos.

Os limites naturais, estabelecidos pela inexperiência política de João Cândido, bem como de toda a nascente classe operária brasileira não lhe tira em nada o mérito desta luta heróica. A falta de experiência levou-os a conferir crédito às promessas dos setores da oligarquia no governo, bem como à farsa da anistia realizada no Congresso, que não impediu que as forças militares pusessem em marcha o processo de perseguição e vingança que consumiu a vida de centenas de marinheiros de forma cruel e sanguinária.
João Cândido, e todos e seus comandados em revolta são um exemplo heróico de luta que desmente, como tantos outros o mito do caráter submisso e acomodado, que a burguesia e seus teóricos pequenos burgueses, que se propagam como ervas daninhas no movimento operário e popular, tentam atribuir ao povo brasileiro.

João Cândido e a Revolta da Chibata é um exemplo para a classe operária e todos os explorados, em geral, e para os trabalhadores e a juventude negra, em particular, de quais são os métodos e o caminho para se conseguir a emancipação diante da opressão capitalista: a organização independente dos explorados, a luta com seus próprios métodos e instrumentos de luta por suas reivindicações e mesmo a sua derrota após a vitória ilustram a necessidade de liquidar com o governo e o regime político da burguesia para ver essas reivindicações fundamentais atendidas.

sábado, 26 de junho de 2010

Coluna: O Presidente Responde - 22/06/2010.

O Presidente Responde
Coluna semanal do presidente Lula
Fonte: http://www.imprensa.planalto.gov.br/



Flaviane Lopes Francisco, 35 anos, professora de São Mateus (ES) – Gostaria de saber por que há diferença nas bolsas-benefícios do Projovem Urbano e do Projovem Rural?

Presidente Lula – Todas as quatro modalidades do Projovem oferecem ajuda financeira de R$ 100. O valor é o mesmo, tanto para o Projovem Urbano quanto para o Adolescente, Campo ou Trabalhador. A diferença entre o Projovem Urbano e o Projovem Campo refere-se apenas ao número de bolsas mensais pagas em cada programa e isso depende da frequência escolar. No caso do Projovem Urbano, o aluno recebe a bolsa durante os dezoito meses ininterruptos em que frequenta a sala de aula, recebendo formação em algumas áreas. No Projovem Campo, embora o curso tenha duração total de dois anos, o aluno tem aula mês sim e mês não, o que representa 12 meses de frequência escolar e é por esse período que ele recebe a bolsa. Os programas atenderam, em 2008 e 2009, mais de 1 milhão de jovens e este ano a expectativa é de atender mais 1 milhão. A iniciativa está assegurando aos jovens brasileiros de 18 a 29 anos a oportunidade de voltar à escola e obter uma capacitação profissional.

Edvaldo Francisco dos Santos, 36 anos, auxiliar administrativo de Itapecerica da Serra (SP) – Gostaria de saber por que o programa Minha Casa, Minha Vida está demorando tanto para sair na minha cidade, sendo que já foi fechado convênio com CEF, e até agora a prefeitura da cidade não tem uma posição.

Presidente Lula – No âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, a Caixa Econômica já recebeu de Itapecerica da Serra proposta para financiar um conjunto com 350 unidades habitacionais. A previsão é de que o contrato para a produção do empreendimento seja assinado até o final do mês que vem e sua conclusão ocorra no segundo semestre de 2011. Além deste, encontra-se em negociação outro conjunto para a cidade com 300 unidades habitacionais. No caso de empreendimentos destinados a famílias com renda de até três salários mínimos, a escolha das famílias é feita pelo estado ou pelo município que apresentou a proposta, com base em critérios definidos pelo Ministério das Cidades. De 1 milhão de unidades habitacionais previstas no PAC 1, a Caixa já recebeu, até a primeira quinzena de junho, propostas para a construção de 917.432 e, destas, já foram contratadas 482.230 em todo o Brasil, no valor total de R$ 30,7 bilhões. Eu compreendo que exista uma certa ansiedade porque, afinal, o Brasil ficou muito tempo sem uma política habitacional. Mas posso assegurar que o programa está andando num ritmo muito forte e dando respostas firmes ao déficit habitacional, principalmente no caso dos mais pobres.

Adriano Douglas Raimundini, 44 anos, professor de Jardinópolis (SP) – O Fundeb é um fundo criado para valorizar o professor. Mas, na prática não é bem isso que ocorre. Sendo ele um fundo contábil e separado do orçamento do município, por que a folha de pagamento dos professores continua vinculada à Lei de Responsabilidade Fiscal? O senhor não pode fazer uma lei desvinculando a referida folha de pagamento da LRF e criando uma Lei de Responsabilidade da Educação?

Presidente Lula – Para começar, é preciso esclarecer algumas questões. Na verdade, ainda que seja um fundo contábil, os recursos do Fundeb integram sim o orçamento dos municípios e têm sido decisivos para a valorização da educação básica. É importante lembrar que o Fundeb é fruto de uma emenda constitucional que obriga o investimento de 60% dos recursos do fundo na valorização dos profissionais do magistério. Portanto, estão garantidos os recursos necessários para um dos propósitos para o qual o fundo foi criado, ou seja, a melhoria da remuneração dos professores. Com isso, foi possível estabelecer – o que é inédito – o piso salarial nacional dos professores da rede pública, que hoje está em R$ 1.025,00. Se há prefeitos que não cumprem o estabelecido pela lei do Fundeb, cabe aos habitantes a fiscalização e aos tribunais de contas tomar as medidas cabíveis por conta do descumprimento de um imperativo constitucional. O problema neste caso não é do Fundeb, mas da prefeitura, que tem que fazer o uso correto dos recursos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Coluna: O Presidente Responde - 15/06/2010.

O Presidente Responde
Coluna semanal do presidente Lula
Fonte: http://www.imprensa.planalto.gov.br/


Cláudio Lopes dos Santos, 60 anos, professor aposentado de Guariba (SP) – O senhor não poderia decretar uma lei para que os usuários de drogas não sejam tratados como bandidos e sim como doentes que deveriam ser encaminhados para um centro de tratamento, ao invés de ir para cadeia?

Presidente Lula – Cláudio, essa lei já existe. Em 2006, depois de um trabalho conjunto do governo federal com o Poder Legislativo, o Congresso aprovou e eu sancionei a Lei 11.343, que atende exatamente o que você propõe. A lei não descriminaliza o tráfico, mas acaba com a pena de prisão para os usuários de drogas. Eles passaram a ser julgados pelos juizados especiais criminais, que preveem penas alternativas e medidas socioeducativas. Com isso, procura-se garantir a ressocialização do usuário ou dependente que, ao responder ao processo, será orientado por um juiz e uma equipe especializada e terá a oportunidade de ser encaminhado para tratamento. Recentemente, lançamos o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, que cria as condições para atender o que determina essa lei. Entre várias outras medidas, o Plano prevê o apoio do governo federal aos municípios para a capacitação de profissionais voltados para o tratamento e a reinserção social. O apoio será também para aumentar o número de leitos nos hospitais gerais para o atendimento aos usuários.

Adelson Teixeira, 53 anos, representante comercial de Arcoverde (PE) – Os nordestinos estão vivendo uma grande expectativa com a realização das obras de transposição do São Francisco. Que garantias o seu governo deixará de que as obras vão continuar?

Presidente Lula – Adelson, a continuidade está garantida porque já foram feitas as contratações de 12 dos 14 lotes da obra, que incluem canais, estações de bombeamento, túneis e aquedutos. Os editais dos dois lotes que faltam serão publicados até o final deste mês e o início das obras deve ocorrer ainda este ano. São dois canais: o Eixo Leste, de 220 km, vai captar águas do São Francisco em Itaparica e levar às regiões agrestes de Pernambuco e Paraíba – a previsão de término é para junho de 2011; e o Eixo Norte, de 400 km de extensão, que vai fazer a captação em Cabrobó e levar aos sertões de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte – o término está previsto para dezembro de 2012; O Eixo Norte já está com 37% das obras já realizadas e o Eixo Leste, com 49%, o que significa que o ritmo está dentro do planejado. São 9 mil trabalhadores atuando em várias frentes no sentido de concretizar este sonho dos nordestinos, que nasceu no longínquo ano de 1847, e só agora começa a se tornar realidade. Nada menos que 12 milhões de habitantes de cidades pequenas, médias e grandes da região semiárida do Nordeste serão beneficiados. Trata-se de um empreendimento que não tem volta.

Pedro Carrancho, 63 anos, servidor público de Vitória (ES) – Por que os servidores públicos federais do Poder Executivo, principalmente os da área da Saúde, foram tão menosprezados e desvalorizados pelo governo, a ponto de um médico, após 35 anos de serviços prestados, se aposentar com apenas R$ 2.500,00?

Presidente Lula – Ao contrário do que você afirma, nós estamos exatamente valorizando o servidor e o serviço público. Quando assumimos, havia um enorme déficit de pessoal e um profundo sucateamento das instituições que prestam assistência, resultado da visão de que o Estado não tinha papel na sociedade. Com várias iniciativas, estamos qualificando o quadro de servidores e recuperando o nível dos salários. Para se ter uma idéia, na área da saúde, que você citou, não havia concurso público desde 1981. A partir de 2005, o Ministério da Saúde, por meio de vários concursos, abriu 15.573 novas vagas. Os reajustes salariais de todos os níveis e de todos os setores nunca ficaram abaixo da inflação e alguns ficaram muito acima. Os profissionais de nível superior, de maior experiência, da carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho (PST), incluindo os médicos, recebiam R$ 1.961 em dezembro de 2002. A partir do dia 1º de julho, vão receber R$ 5.649, o que representa um aumento de 77,5% acima da inflação. No mesmo período, os de nível intermediário terão aumentos reais de 54% e os auxiliares, de 94,2%. Ainda há muita coisa a melhorar, mas já fizemos uma boa caminhada.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

FOTOS - Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais - São Paulo.






Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais

A quadra do Sindicato dos Bancários e Financiarios de São Paulo, Osasco e região ficou pequena diante do grande número de militantes de diversas organizações e movimentos sociais, vindos de varias partes do Brasil para participar da Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais, convocada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).

O evento, que aconteceu nesta segunda-feira, 31 de maio, reuniu, aproximadamente, 3 mil militantes vindos de diversos Estados da Federação para aprovar o Projeto nacional e Popular dos Movimentos Sociais, formulado após a realização de 20 plenárias estaduais da CMS e que busca a construção de uma política pública justa e igualitária, visando a um país soberano e desenvolvido para o todos os brasileiros.

Dentre os estados representados estiveram militantes do Paraná, Distrito Federal, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Ceará, Alagoas, Paraíba, Pará, Santa Catarina, Amapá, Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte, Piauí e Mato grosso.

A abertura foi realizada, com apresentações musicais e declamações de poemas, para descontrair os militantes que viajaram durante horas para participar deste momento histórico para a luta dos movimentos sociais. Em seguida, Lúcia Stumpf, secretária de Movimentos Sociais do PCdoB e dirigente da União Brasileira de Mulheres (UBM) coordenou a mesa principal, juntamente com Antonio Carlos Spis, da executiva da CUT.

Para compor a mesa de trabalhos, foram convidados: Sonia Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres; João Paulo, do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra; Edson França, coordenador nacional da UNEGRO; Ubiraci Dantas (Bira), da CGTB; Augusto Chagas, presidente da União nacional dos Estudantes; Bartíria Perpétua Lima da Costa, presidente da CONAM; Márcia Machado, vice presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); e Yann Evanovick, presidente da UBES.

Durante as explanações, foi feita uma reflexão sobre o momento vivido pelo Brasil e o modelo de desenvolvimento econômico encontrado nos países da América Latina. Outro ponto alto dos discursos foi o repúdio que as organizações sociais expressaram referente ao massacre deliberado do exercito de Israel contra uma frota naval de ajuda humanitária aos refugiados da faixa de Gaza. Além de ressaltar os avanços conquistados, graças à importante luta dos movimentos sociais em prol de melhores condições para a população brasileira.

A CTB foi representada pela vice presidente, Márcia Machado, que ressaltou a importância da aprovação do projeto, escrito por tantas mãos, que é fundamental para a construção de um Brasil ideal para os brasileiros e, lembrou também, que a esperança depositada nesse projeto de país, não pode se perder por conta dos percalços do caminho.

O Projeto Nacional aprovado durante a Assembléia da CMS é uma plataforma de reivindicações para a construção de um Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil. Este documento é fruto do que o povo quer para o desenvolvimento de um país voltado para o bem-estar dos brasileiros.

A próxima reunião da operativa da CMS será no dia 11 de julho. Seu objetivo será o de pautar ações dos movimentos sociais no período eleitoral.


Principais Reivindicações:

O documento apresentado à população durante a Assembléia da CMS, reforça a necessidade de fortalecimento da soberania nacional e a construção de uma política livre de qualquer tipo de opressão, onde as mulheres tenham seu direito respeitado e não sofram qualquer tipo de abuso ou violência e que seja criada uma plataforma de luta contra o machismo, o racismo e a homofobia.

• Soberania Nacional:
Em defesa de uma política externa independente, que busque a paz e o multilateralismo, a redução de entraves aos países em desenvolvimeno e a integração soberana e solidária da América do Sul e da América Latina;

Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro;

Fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e ALBA;
Defesa da Amazônia como patrimônio Nacional.


• Desenvolvimento:
Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente sustentável, que respeite as pessoas, seu modo de vida, sua cultura e que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira;

Por um Projeto Nacional de Desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.

• Democracia:
Reforma dos meios de comunicação. Democratizar os meios de comunicação, visando à pluralidade de opiniões e o respeito e difusão das opiniões das minorias;

Liberdade política para os movimentos sociais. Contra a criminalização dos movimentos sociais;
Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico;

Petrobrás 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores e acelerar a transição da matriz energética para combustíveis menos poluentes.


• Mais direitos ao povo:
Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os aposentados;

Pela erradicação do trabalho infantil;

Ampliação dos investimentos públicos nas áreas sociais, com políticas públicas universais voltadas para a ruptura da desigualdade de raça, etnia, gênero e orientação sexual.


• Solidariedade:
Toda a solidariedade ao povo haitiano!

Pela criação do Estado Palestino;
Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.

Propostas de Luta:
Outra questão abordada durante a Assembléia foi em relação à elaboração de uma agenda de lutas dos movimentos para o próximo ano.

Lúcia Stumpf sugeriu a criação de comitês populares de campanha, que seriam organizações nas quais o povo se reúna para aumentar sua participação em atuações baseadas no Projeto Nacional e Popular dos Movimentos Sociais.

Trabalho infantil recebe cartão vermelho:
Durante a Assembléia Nacional dos Movimentos Sociais, foi lançada uma campanha de combate a prática de trabalho infantil no Brasil. Apresentada pelo professor Paulo de Lara, as entidades participantes da CMS, aderiram à campanha e os militantes presentes ao evento deram um, aclamado, cartão vermelho a este crime contra infância, e porque não dizer, contra a humanidade.

Paz e soberania:
A presidente do CEBRAPAZ, Socorro Gomes, fez o lançamento oficial de outra campanha na Assembléia. Intitulada “America Latina e Caribe: uma região de paz”, esta luta é uma empreitada contra as bases militares estrangeiras que se consolidam como uma ameaça a paz e a soberania dos povos latino americanos e caribenhos.

Por Fábio Rogério Ramalho – Portal CTB.
FONTE: Site da CTB.

FOTOS DO XIV - CONSIND

Altamiro Borges.

XIV CONSIND.

Parte da Bancada Representante de Pernambuco - Sinpro-PE.

Wallace de Melo - Coletivo ACORDA - CEJU.

XIV CONSIND.

XIV CONSIND da CONTEE - Educação Não é Mercadoria


O XIV Conselho Sindical da CONTEE - reuniu nos dias 29 e 30 de Maio vários sindicatos e Federações para a realização de um amplo debate sobre a importancia da contsrução de um novo projeto de desenvolvimento nacional, por meio de uma educação de qualidade. E nesse momento, a brilhante campanha: Educação Não é Mercadoria idealizada pela própria CONTEE foi aclamada pela organização.

O Coletivo Acorda, esteve presente ao evento, e avalia o evento como vitorioso desde o seu lançamento até os seus momentos finais, uma vez que, ao pensar em um novo projeto nacional de desenvolvimento e soberania , focando o debate dentro do proprio sistema educacional, é ver realmente a grande importancia que a educação tem na construção do futuro da nação.

Temos muito que avançar nas políticas educacionais, isso é fato. O atual processo mercantilista do setor educacional mostra que a luta por uma educação publica e de qualidade ainda é uma bandeira que deve está levantada, como relata a citada campanha, a educação não pode ser mercadoria de maneira alguma. Se quisermos realmente elaborarmos um Brasil mais justo e soberano para o povo brasileiro, com absoluta certeza, temos que romper com as políticas conservadoras que ainda insistem em gerar um obscuro processo de desigualdade social em todos os cantos do país.

É chegado o momento que os movimetos sociais tem que ganhar cada vez mais força para respondermos à altura todas as mudanças que, tanto o Brasil como a própria América Latina vem passando, com o fortalecimento de governos populares e assim defendermos constantemente um grande projeto revolucionário para a educação brasileira, passando por todos os setores que estão envolvidos: Estado, Profissionais, Estudantes e Sociedade.

Além do grande espaço sobre a conjuntura política Internacional e Nacional, o XIV CONSIND, também foi contemplado pela brilhante palestra ministrada pelo Jornalista e Diretor do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé” - Altamiro Borges (O Miro) que relatou sobre a influência da Mídia nos processos eleitorais. E assim, foi criado um amplo espaço de debate sobre a questão da imprensa brasileira e os seus interesses políticos e econômicos.

Enfim, além de debatermos sobre a conjuntura educacional brasileia, o evento serviu, com absoluta certeza para fortalecer cada vez mais a formação política de todos que estavam prestiginado o encontro. Fomentando cada vez mais a grande importância das lutas sindicais para o debate político e social do país.

Coluna: O Presidente Responde - 08/06/2010.

O Presidente Responde
Coluna semanal do presidente Lula
Fonte: http://www.imprensa.planalto.gov.br/



Paulo José C. dos Santos, 60 anos, funcionário do Ministério da Saúde em São Gonçalo (RJ) – Gostaria de saber como adquirir uma casa financiada pela Caixa Econômica, pois venho tentando sem sucesso há três anos. A alegação é de que ganho pouco.

Presidente Lula – Sei que esse seu sonho é compartilhado por milhões de famílias no Brasil. O país ficou muitos anos sem uma política habitacional para as famílias de baixa renda. Isso começou a ser mudado quando aprovamos o Fundo Nacional para Habitação de Interesse Social, projeto de iniciativa popular que ficou 12 anos engavetado no Congresso. A partir dele, conseguimos evoluir para o Programa Minha Casa Minha Vida (primeira meta: 1 milhão de moradias, sendo 400 mil para famílias com renda mensal de até três salários mínimos). Já estamos deixando preparada uma segunda fase, com 2 milhões, e uma fatia maior para as famílias mais pobres. Para obter financiamento, procure a prefeitura e verifique se o seu município foi contemplado com algum conjunto habitacional do Programa Minha Casa, Minha Vida e se as inscrições estão abertas. Nesses casos, as famílias são selecionadas por critérios definidos pelo Ministério das Cidades e as prestações, para as que têm renda de até três salários mínimos, são de 10% da renda familiar, com valor mínimo de R$ 50, pelo período de 10 anos.

Daniela Aparecida Pereira, 22 anos, assessora administrativa de Aricanduva (SP) – Por que não é realizada uma comprovação de renda mais “real” do sistema ProUni, levando em consideração as necessidades das pessoas?O valor que pagamos de aluguel não é subtraído da nossa renda e não consegui fazer minha matrícula por esse motivo.

Presidente Lula – Daniela, entendemos que existem as necessidades particulares de cada um, mas precisamos adotar critérios gerais para atender, com imparcialidade, o maior número possível de estudantes. Veja que o ProUni já atendeu 704 mil alunos desde 2005, quando foi criado. O número de beneficiados dificilmente teria essa dimensão, se os casos fossem analisados individualmente, levando em consideração o comprometimento temporário da renda. A sua preocupação com a concessão das bolsas apenas para quem precisa, é também nossa. A Lei 11.096, que criou o ProUni, estabelece os critérios de seleção de acordo com a renda e com o histórico escolar. Para obter bolsa integral, a renda familiar por pessoa tem que ser de até um salário mínimo e meio. Para bolsas de 50%, a renda tem que ser de até três salários mínimos. O Ministério da Educação supervisiona e já foram canceladas até hoje 1.700 bolsas. Mas, Daniela, você chamou atenção para uma questão importante. Será que o ProUni não poderia levar em conta a renda disponível e não apenas a bruta? Você já percebeu que não é uma questão de solução fácil, mas vou conversar sobre o assunto com o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Eloá Prompt Guelner, 73 anos, aposentada de Carazinho (RS) – No Rio Grande do Sul, as doenças respiratórias acometem a população, principalmente devido ao inverno rigoroso. Todos os anos faltam leitos e os idosos, principalmente os carentes, sofrem com a espera e com os altos preços dos medicamentos. O que o governo pretende fazer?

Presidente Lula – Eloá, nós já estamos tomando várias medidas. Só este ano, o Ministério da Saúde enviou 1,2 milhão de doses de vacinas contra a gripe comum para a população idosa do Estado. Quanto à gripe influenza A (H1N1), o Ministério já distribuiu 1,97 milhão de tratamentos para a Região Sul. Outra iniciativa: liberamos recursos para a ativação de mais 189 leitos de UTI no Rio Grande do Sul, parte deles provisórios, para a fase de pico da influenza. O fosfato de oseltamivir, antiviral contra esta gripe, pode ser encontrado nos postos de saúde e nas farmácias populares. As unidades próprias do Programa Farmácia Popular – já existem 37 no Rio Grande do Sul – vendem 108 medicamentos com redução de até 90% em relação aos preços de mercado. Os investimentos federais na área de saúde no Estado passaram de R$ 700 milhões, em 2002, para R$ 2,38 bilhões, em 2009. Além disso, liberamos recursos para a construção de 17 Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) no Estado. Isso possibilita melhores condições para o Estado e os municípios atenderem a população.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Coluna: O Presidente Responde - 01/06/2010.

O Presidente Responde
Coluna semanal do presidente Lula
Fonte: http://www.imprensa.planalto.gov.br/


Aluízio Araújo, 63 anos, artífice do Rio de Janeiro (RJ) – Presidente, com o advento das indústrias automatizadas, que inviabilizam as indústrias manufaturadas que usavam mão-de-obra, qual a política do governo federal para atender a demanda dos trabalhadores na informalidade?

Presidente Lula – Mesmo com a automação, o Brasil tem expandido em muito o número de empregos formais. Veja que, desde 2003, o Brasil criou 12,7 milhões de novos empregos com carteira assinada, uma coisa excepcional. Só este ano, até abril, já criamos 962 mil. Mas nós estamos atentos aos que estão na informalidade. Em 2005, lançamos o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), que já concedeu R$ 6,6 bilhões de financiamento aos informais. O programa Microempreendedor Individual é também uma ótima opção para quem fatura até R$ 36 mil por ano. Pagando R$ 56,10 por mês de contribuição previdenciária, o empreendedor passa a ter vários direitos, como aposentadoria por idade, invalidez, a salário-maternidade e a auxílio-doença. E, além de ter acesso a crédito com juros mais baixos, pode participar das compras dos governos federal, estaduais e municipais. Para o cadastro, basta entrar na página www.portaldoempreendedor.gov.br. Outra iniciativa é o Programa Economia Solidária, pelo qual o Ministério do Trabalho apóia e estimula os empreendimentos econômicos solidários. São 485.699 trabalhadores, que participam de 21.859 empreendimentos, entre cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias e redes de cooperação.

Mozart Maia Moura, 60 anos, policial militar reformado de Praia Grande (SP) – Gostaria de parabenizá-lo pela aprovação da Lei do Inquilinato e também pedir, em nome de todos que residem em prédios, que se aprove uma lei obrigando o inquilino inadimplente a cumprir sua obrigação.

Presidente Lula – Mozart, a Lei do Inquilinato – a nova entrou em vigor em janeiro deste ano – já estabelece as obrigações do proprietário e do inquilino. O proprietário tem a obrigação de pagar as despesas extraordinárias de condomínio, que são, entre outras, obras de reforma ou acréscimos à estrutura do imóvel, obras de restauração do imóvel, instalação de equipamentos de segurança e incêndio, de telefonia, de esportes e lazer, etc. Ao inquilino cabe arcar com as despesas correntes, ordinárias, que são as necessárias à administração, como, por exemplo, salários, encargos trabalhistas e contribuições dos funcionários do condomínio, despesas com água e esgoto e consumo de gás e luz das áreas comuns, limpeza, conservação e manutenção das instalações e equipamentos de uso comum, como elevadores, porteiro eletrônico, aparelhos de esportes, entre outros. No caso de inadimplência, o inquilino pode ser cobrado de forma amigável ou, caso persista na inadimplência, ser acionado judicialmente, com base na Lei do Inquilinato, para que suas despesas não venham a recair sobre os demais moradores.

Rogério L. Pereira, 36 anos, desempregado de Lins (SP) – Eu queria saber por que o seguro-desemprego demora tanto para chegar na conta do beneficiado.

Presidente Lula – Rogério, quando todas as exigências da legislação do seguro-desemprego são atendidas, dentro dos prazos estipulados, não há demora na emissão das parcelas. Todo trabalhador, ao ser dispensado sem justa causa, tem o direito de receber do empregador o formulário de Requerimento do Seguro-Desemprego (RSD). O Ministério do Trabalho, para facilitar a recepção dos pedidos, firmou parcerias com participantes nos níveis federal, estaduais e municipais. A legislação estabelece uma rotina a ser seguida. Entre vários outros critérios, a entrada do requerimento tem que ocorrer entre 7 e 120 dias a partir da data da dispensa. É preciso que as informações fornecidas sejam comprovadas como, por exemplo, o CNPJ da empresa e os dados do solicitante. Algumas vezes, há atrasos em função da necessidade de o requerente ter que modificar dados que haviam sido fornecidos incorretamente. E antes da emissão das parcelas, é preciso verificar se o solicitante não possui renda própria e também se, no decorrer do processo, não voltou a estar empregado.