Levar às ruas as principais reivindicações dos movimentos sociais, além de criticar o atual modelo econômico e todo seu processo de exploração e exclusão social sempre foram os objetivos do Grito dos Excluídos, que se configura como uma das mais importantes manifestações popular, democrática e republicana do país. "Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças".
Diante disso, a promoção de uma reflexão cidadã na ótica dos sujeitos excluídos pelo sistema capitalista, em plena semana da pátria, por meio de reuniões e debates, entre os vários segmentos dos movimentos sociais demonstra o quanto o caminho ainda é longo, para construirmos uma pátria soberana e uma sociedade mais dígna e igualitária. E é diante de tal intuito, que muitos aproveitam o feriado da Independência, não para ir às praias ou aos clubes e sim para tomar as ruas e protestar de uma forma pacífica contra as contradições sociais inerentes ao neoliberalismo.O Grito dos Excluidos foi idealizado em 1995, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com ao Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC). É uma manifestação que se renova todos anos, cristalizando os debates propostos pelos vários movimentos brasileiros e chega a sua 17ª edição ainda mais solidificado no calendário político nacional, como um dos principais exemplo de cidadania ativa. Assim, nada melhor que o dia da Pátria (07 de setembro) para problematizar e refletir sobre o tipo de soberania que queremos para a sociedade brasileira.
Eis um patrimônio político da luta do povo brasileiro. Estamos diante de um movimento que não é somente "para" os excluídos, e sim, é "dos" excluídos que de forma racional e organizada consegue promover um relevante momento de convergência, entre os vários setores da sociedade brasileira, solidificando ainda mais a crítica sobre as várias questões políticas que paíram sobre a nossa realidade. Dentre as diversas críticas e debates promovidos ao longo das 17 edições, podemos destacar os plebiscitos contra a implementação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), como também, a posição contrária à privatização da Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997, pelo governo de FHC. Além dos protestos contra os vários escândalos de corrupção, desrespeito aos direitos humanos e degradação ambiental ocorridos durante os últimos anos.
Sabemos que no Brasil, como de resto em todo continente latino-americano, não raro o conceito de liberdade foi reduzido à idéia de libertação: libertação da opressão, da ditadura militar, da pobreza e assim por diante. Nos meios eclesiais, por exemplo, com freqüência faz-se alusão à experiência narrada pelo Livro do Êxodo, quando os escravos se libertaram das garras do Faraó. Ora, esse é apenas um lado da moeda, isto é, a liberdade de. O outro lado é a liberdade para. Depois da saída do Egito, é preciso unir forças para continuar caminhando até a Terra Prometida. E aqui o conceito de liberdade se torna bem mais exigente. Enfim, mesmo indo na contramão dos interesses elitistas enraizados nas estruturas institucionais e políticas do Brasil, o Grito dos Excluídos tem o objetivo de fortalecer a idéia de que uma nova sociedade pode ser construída, e para isso, é preciso romper com a ordem vigente por meio de uma ousada luta de classes, para que assim, possamos garantir ao povo brasileiro, maior dignidade, respeito, justiça e liberdade.
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