quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Juventude Ainda é a Menina dos Olhos.


Aliado antigo e disciplinado do PT e PSB, seja no plano nacional ou local, o PCdoB tem seus rebeldes com causa. É na juventude comunista que está a principal força do partido no estado.

Embora a legenda seja vista no Congresso como “nanica”, por ter apenas 15 deputados federais e dois senadores, é a mais forte entre os estudantes secundaristas e universitários em Pernambuco. Os jovens dessa sigla comandaram os “cara pintadas”, no histórico “Fora, Collor”, e ocupam cargos importantes nas direção estudantis.
Sob a liderança de Thiara Milhomem, 21 anos, o PCdoB comanda atualmente a União da Juventude Socialista (USJ) em Pernambuco – um dos principais movimentos estudantis que tem 14 mil filados no estado e mais de 100 mil no Brasil. Ela garante que, apesar das mudanças na legenda, que hoje faz alianças com o PR e o PP, os estudantes “têm lado” e não foram cooptados.

Segundo Thiara, a legenda é tradição entre os estudantes pernambucanos pelo papel que exerce nas reivindicações sociais em defesa dos jovens. Inclusive, a categoria já revelou para a política pernambucana nomes como Luciano Siqueira e Luciana Santos, respectivamente, deputado estadual e federal do PCdoB. “Estamos vivendo um processo de mudanças. Desde o início do governo Lula, há mais acesso a empregos, educação pública e universidades… Não podemos negar os avanços. Mas temos o papel de nos indignar”, observou, referindo-se especialmente à corrupção.

Thiara Milhomem considera uma injustiça a juventude ser rotulada de “individualista” e “sem causa”. Para ela, os jovens de hoje se posicionam diferente da época da ditadura, porque a luta é outra. “Na ditadura, os jovens brigavam por um direito básico que era a liberdade de expressão. Hoje, a gente pode se expressar nas redes sociais e as pautas são as mais diversas possíveis. A gratuidade da Universidade de Pernambuco (UPE), por exemplo, foi uma conquista nossa. Quem levantou essa bandeira foi a juventude”, lembrou. (A.M.)

Fonte Diario de Pernambuco

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Resistência e Cidadania Ativa do Grito dos Excluídos.

Levar às ruas as principais reivindicações dos movimentos sociais, além de criticar o atual modelo econômico e todo seu processo de exploração e exclusão social sempre foram os objetivos do Grito dos Excluídos, que se configura como uma das mais importantes manifestações popular, democrática e republicana do país. "Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular, em que os próprios excluídos, junto com os movimentos e entidades que os defendem, trazem à luz o protesto oculto nos esconderijos da sociedade e, ao mesmo tempo, o anseio por mudanças".

Diante disso, a promoção de uma reflexão cidadã na ótica dos sujeitos excluídos pelo sistema capitalista, em plena semana da pátria, por meio de reuniões e debates, entre os vários segmentos dos movimentos sociais demonstra o quanto o caminho ainda é longo, para construirmos uma pátria soberana e uma sociedade mais dígna e igualitária. E é diante de tal intuito, que muitos aproveitam o feriado da Independência, não para ir às praias ou aos clubes e sim para tomar as ruas e protestar de uma forma pacífica contra as contradições sociais inerentes ao neoliberalismo.

O Grito dos Excluidos foi idealizado em 1995, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto com ao Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC). É uma manifestação que se renova todos anos, cristalizando os debates propostos pelos vários movimentos brasileiros e chega a sua 17ª edição ainda mais solidificado no calendário político nacional, como um dos principais exemplo de cidadania ativa. Assim, nada melhor que o dia da Pátria (07 de setembro) para problematizar e refletir sobre o tipo de soberania que queremos para a sociedade brasileira. 

É válido ressaltar que a organização nacional do Grito dos Excluídos é um exemplo vivo para os demais movimentos sociais do mundo. E é nessa conjuntura, que em 1999 a experiência de tal manifestação foi a principal influência para o surgimento do Grito Continental Por Trabajo, Justicia y Vida, promovido em vários países da América Latina.

Eis um patrimônio político da luta do povo brasileiro. Estamos diante de um movimento que não é somente "para" os excluídos, e sim, é "dos" excluídos que de forma racional e organizada consegue promover um relevante momento de convergência, entre os vários setores da sociedade brasileira, solidificando ainda mais a crítica sobre as várias questões políticas que paíram sobre a nossa realidade. Dentre as diversas críticas e debates promovidos ao longo das 17 edições, podemos destacar os plebiscitos contra a implementação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), como também, a posição contrária à privatização da Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997, pelo governo de FHC. Além dos protestos contra os vários escândalos de corrupção, desrespeito aos direitos humanos e degradação ambiental ocorridos durante os últimos anos.

Sabemos que no Brasil, como de resto em todo continente latino-americano, não raro o conceito de liberdade foi reduzido à idéia de libertação: libertação da opressão, da ditadura militar, da pobreza e assim por diante. Nos meios eclesiais, por exemplo, com freqüência faz-se alusão à experiência narrada pelo Livro do Êxodo, quando os escravos se libertaram das garras do Faraó. Ora, esse é apenas um lado da moeda, isto é, a liberdade de. O outro lado é a liberdade para. Depois da saída do Egito, é preciso unir forças para continuar caminhando até a Terra Prometida. E aqui o conceito de liberdade se torna bem mais exigente. 

Enfim, mesmo indo na contramão dos interesses elitistas enraizados nas estruturas institucionais e políticas do Brasil, o Grito dos Excluídos tem o objetivo de fortalecer a idéia de que uma nova sociedade pode ser construída, e para isso, é preciso romper com a ordem vigente por meio de uma ousada luta de classes, para que assim, possamos garantir ao povo brasileiro, maior dignidade, respeito, justiça e liberdade.